Nossa Parashá nos conta que, atendendo aos pedidos do nosso povo, Moshe manda 12 espiões para verificar a terra prometida antes da conquista.
Moshe pede para eles verificarem se os povos da terra são fortes ou fracos, e dá uma dica de como verificar isso:
Dica de Moshe Rabeinu : Muralhas altas são sinais de fraqueza!
Moshe Rabeinu deu um sinal para os espiões: “Se as cidades não tem muralhas é sinal de que seu povo é forte, confiam na própria bravura.
Mas se elas têm muralhas, isso é sinal de fraqueza, não confiam na própria capacidade de se defender”.
Porque Moshe precisou dar esse sinal? Porque a natureza humana é de generalizar.
Quando você vê uma cidade com uma grande muralha você acha que o povo dentro dela é muito forte e tudo lá dentro segue esse alto padrão, mas o contrário é o certo: uma grande muralha demonstra a grande fraqueza do povo que vive por trás dela.
A Torá é eterna e essa dica de Moshe Rabeinu é atual também hoje, e até em relação a nós ! Se no nosso dia a dia somos “divas inacessíveis” e construímos uma enorme muralha à nossa volta, estamos simplesmente expressando nossa própria fraqueza!
Quando aprendemos um pouquinho de judaísmo não devemos nos fechar para proteger o que sabemos, mas ao contrário! Devemos compartilhar o pouquinho que sabemos com outras pessoas que nem esse pouquinho sabem.
O erro de avaliação dos espiões
A Parashá nos conta que os doze espiões voltaram depois de quarenta dias. Dez deles opinaram que os povos da terra são muito fortes, o rio Jordão é intransponível… etc etc etc.
Eles se impressionaram com as muralhas das cidades e contaram que elas eram muito grandes esquecendo totalmente de que isso é um sinal de fraqueza.
No final deram sua própria avaliação que era a de não termos a capacidade de conquistar a terra, se esquecendo de mais uma coisa: De que eles foram mandados para nos dar um relato sobre a terra e não uma opinião própria de sermos ou não sermos capazes de conquistá-la!
Kaleb – um ponto de vista diferente.
Aprendemos com Kaleb que quando observamos um lugar não temos que procurar nele problemas mas sim soluções!
Os espiões eram pessoas importantes e influentes e a eficiência deles era reconhecida por todos. Kaleb também aparentava pertencer a essa estrutura e a essa “mentalidade”.
Ele começou a falar como se fosse “mais um” que aparentemente iria acrescentar mais alguma dificuldade, mas ao contrário dos outros, revela que podemos conquistar a terra e ainda com facilidade.
Kaleb lembra ao povo que Moshe abriu o mar vermelho e que fez milhões de aves aterrizarem no acampamento e virarem “frango assado”
Kaleb era visto pelo povo como alguém tão qualificado como os outros, e por isso era esperado dele relatar de maneira profissional e objetiva o que viu na terra prometida, mas aparentemente seus relatos não tinham nada a ver com sua missão.
Os outros espiões contaram sobre o que espionaram e Kaleb contou sobre os feitos anteriores de Moshe. Qual era a lógica de Kaleb?
Kaleb Lembrou a todos que Moshe abriu o mar vermelho para o nosso povo passar, e o que é um rio Jordão para quem já abriu um mar?
Que Moshe fez aterrissar no acampamento milhares de aves que a natureza delas era voar para cima e não descer para baixo, e o que é para ele uma muralha de pedras que já tem a natureza de afundar no chão?
E assim foi. Quarenta anos depois, quando o povo de Israel entrou na terra prometida, o rio Jordão se abriu e as muralhas de Jericó afundaram na terra.
Aqui vemos o profissionalismo de Kaleb. Claro que ele acreditava no total poder de Hashem que poderia fazer o rio Jordão desaparecer e as muralhas de Jericó saírem voando por aí, mas o raciocínio lógico dele foi profissional e realista:
Ele listou os milagres que já tinham acontecido e concluiu: Se Moshe já tinha feito milagres tão grandes, o que seria para ele fazer milagres menores?
Conclusão:
Cada um de nós já passou durante a sua vida por verdadeiros milagres. Aprendemos com Kaleb que sempre temos que ter em mãos a lista de todos os milagres que nos aconteceram e usá-la como base para o nosso dia a dia.
Não olhar para as dificuldades que temos à frente mas sim para os milagres que temos atrás, nos lembrando a cada instante que Hashem está cuidando hoje de cada um de nós com o mesmo amor e carinho que sempre cuidou de nós no passado.
E como Kaleb, que no mérito desse raciocínio correto, mais futuramente entrou na terra prometida, cada um de nós exercitando dia a dia esse tipo de raciocínio vai receber de Hashem tudo o que precisar.
Como uma mãe não esquece seu nenê no supermercado, Hashem também não se esquece de nós. E o amor que Hashem tem por cada um de nós é infinitamente maior do que uma mãe tem pelo seu próprio nenê.
Mas de nós é exigido fazer a nossa parte, como Kaleb que no mérito disso recebeu a cidade de Hebron.
Isso se chama “Bitahon”, mais do que uma simples confiança, uma segurança.
Não temos como pensar errado e receber o certo, temos que pensar certo, ter plena segurança em Hashem, e aí os milagres acontecem!
O Rebe de Lubavitch sempre deixou claro que nós somos a geração da redenção final e estamos prestes a entrar em uma era onde tudo vai ser bom.
Todos os sinais que os nossos sábios deram sobre essa última geração aconteceram e não há dúvida nenhuma de que Mashiach está bem próximo.
Então, mais um pouquinho de Bitahon, e no lugar de remediar todo dia um mundo crônico, vamos entrar imediatamente em um mundo melhor, em uma nova era!
Rabino Gloiber
Sempre correndo
Mas sempre rezando por você
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