Nossa Parashá nos conta que Miriam, irmã de Moshe, estava ao lado de Tzipora, esposa de Moshe, quando vieram comunicar à Moshe que Eldad e Meidad estão profetizando no acampamento.

 

Tzipora ficou com dó das esposas deles por eles terem se tornado profetas, e disse que agora eles não vão mais ter relações conjugais com suas esposas à exemplo de Moshe Rabeinu.

 

Miriam se assustou com o comportamento de Moshe, seu irmão mais novo, e contou o caso para Aharon.

 

Os dois concordaram que Moshe Rabeinu não estava agindo certo, porque Miriam e Aharon também eram profetas e não faltavam com esse tipo de obrigação em relação à família

 

O problema

 

Sabemos que o único jeito de subirmos espiritualmente e recebermos mais santidade é por meio do cumprimento dos mandamentos Divinos.

 

Um desses mandamentos é a obrigação de um homem ou mulher casados terem relações conjugais na frequência adequada à eles que é determinada de acordo com o trabalho de cada um, levando em consideração a distância do trabalho e o esforço físico necessário para fazê-lo.

 

Em outras palavras, pelo menos no Shabat o marido deve ter uma relação com a mulher quando ela está pura.

 

Se eles tem a saúde adequada para terem relações conjugais mas não querem mais se relacionar,  no judaísmo isso justifica um divórcio.

 

Se o motivo disso é que ela, por qualquer motivo que justifique isso, não quer mais ter filhos, é permitido usar meios anticoncepcionais femininos como um D.I.U. que é o mais recomendado nesse caso, mas parar de ter relações conjugais é proibido.

 

Sendo que Moshe era o maior exemplo de santidade e na opinião da sua esposa esse exemplo seria seguido por todo aquele que quisesse ter mais santidade, o comportamento dele, de acordo com Miriam e Aharon, era um mau exemplo para todos.

 

Um comportamento que ia contra a própria Torá que Moshe recebeu de D’us e repassou para o nosso povo.

 

A solução

 

Miriam já tinha uma solução “na gaveta”. Quando ela era jovem, o faraó decretou jogar todos os meninos judeus recém nascidos no rio Nilo, e por causa disso seu pai se separou da sua mãe.

 

Na época ela disse à seu pai que ele era pior do que o faraó, porque o faraó decretou somente contra os meninos, e Amram estava causando, com o seu mau exemplo como líder do nosso povo, com que todos os judeus se separassem de suas esposas, e dessa maneira nosso povo não teria meninas também.

 

Amram aceitou a repreensão de Miriam, voltou para sua esposa, e como consequência disso nasceu o próprio Moshe Rabeinu.

 

Miriam já tinha esse método pronto para aplicar sobre Moshe Rabeinu, e com certeza daria certo no caso dele também.

 

A intervenção Divina

 

Sendo que Miriam tinha feito um enorme erro de avaliação em relação à seu irmão colocando em cheque a conduta dele, o que automaticamente abalaria a credibilidade dele em relação à todos os assuntos Divinos que ele repassou ao nosso povo, o próprio D’us foi obrigado a intervir para mostrar que existe uma diferença entre um homem como Moshe, que três vezes subiu ao Monte Sinai e em cada uma delas ficou quarenta dias e quarenta noites sem comer descendo de lá com a mesma saúde que tinha quando subiu, e qualquer outro “simples mortal” por mais profeta que fosse.

 

E portanto não haveria espaço para copiar o comportamento de Moshe, ou seja, quem não estava no nível dele não deveria fazer o que ele fazia, nem deixar de comer quarenta dias e quarenta noites e nem deixar de ter relações conjugais.

 

E esse foi o erro de avaliação dela, ela achou que o nível que ela e Aharon estavam era o mesmo que o dele, ou talvez ainda maior sendo que eles eram os irmãos mais velhos dele.

 

D’us foi obrigado a intervir dessa maneira para que todos soubessem que ela fez um grave erro de avaliação que poderia abalar toda a estrutura do nosso povo.

 

Miriam recebeu uma “Tzaraat”, manifestação espiritual que acontecia para quem fazia intrigas, e teve que sair do acampamento por uma semana.

 

Nosso povo esperou uma semana para ela voltar ao acampamento e poderem prosseguir a viajem.

 

Sendo que todos ficaram sabendo que esse era o motivo do atraso, ficou publicado para todos a diferença entre Moshe Rabeinu e os outros profetas, o que justificava o seu comportamento e não justificava copiá-lo.

 

O que para ele era um rigor para outros seria considerado uma transgressão à Torá

 

Aprendemos daqui várias coisas importantes

 

1- Miriam fez seu comentário com a melhor das intenções, mesmo assim a consequência foi um desastre e o próprio D’us foi obrigado a intervir e dar para ela uma Tzaraat para consertar o que ela fez.

 

Quanto mais nós que não estamos no nível dela não devemos fazer esses tipos de comentário por melhor que seja a nossa intenção.

 

2- Muitas vezes nos sentimos grandes Tzadikim. Lemos alguma história sobre o comportamento particular de algum grande Tzadik, queremos fazer igual e começamos a pisar em todos à nossa volta.

 

Nessa hora devemos nos lembrar que lá encima não seremos julgados por ter imitado ou não imitado algum Tzadik, mas com certeza seremos julgados pelo sofrimento que causamos aos outros.

 

Com certeza seremos julgados por ter maltratado nossa esposa e nossos filhos, e o pior, achando que estamos fazendo uma Mitzvá

 

O benefício da dúvida

 

Se nem Miriam e Aharon que eram profetas sabiam os motivos que causaram para Moshe Rabeinu se comportar daquela maneira, quanto mais nós que não somos profetas e não temos como saber todos os motivos que estão causando o comportamento de todos à nossa volta

 

Sendo que o motivo pode ser ruim, mas também pode ser bom, em toda e qualquer situação estaremos na dúvida

 

Então vamos julgar todos à nossa volta usando o benefício da dúvida à seu favor, sempre julgando todos à nossa volta pelo lado bom ❤

 

Rabino Gloiber
Sempre correndo
Mas sempre rezando por você
www.RabinoGloiber.com

 

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