Matot
Nossa Parashá nos conta que quando alguém faz uma promessa ou um juramento que não consiste em uma coisa proibida pela Torá, ele tem a obrigação de cumprir com a sua palavra.
Por isso o ideal é sempre dizer “Bli Neder” (sem promessa) quando prometemos alguma coisa, para deixar claro que não estamos fazendo uma promessa ou um juramento.
Porque uma promessa de fazer algo que a Torá proíbe não é levada em conta e continuamos proibidos de fazer aquilo que a Torá nos proibiu?
Simples: Sendo que um juramento não tem a capacidade de anular outro, e nossa Alma (que somos nós próprios) antes de descer para o corpo já jurou lá em cima que vai cumprir todos os mandamentos Divinos, consequentemente um juramento de fazer algo contra a vontade Divina não é válido.
Mesmo que pela Torá é permitido jurar, nossos Sábios recomendam não fazer juramentos ou promessas.
Então, lembre-se : quando prometer alguma coisa, NUNCA se esqueça de falar “Bli Neder.
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Mass’ei
Nossa Parashá nos conta que alguém que matou uma pessoa acidentalmente também é chamado de assassino.
O “Assassino sem intenção” não é condenado à morte como o assassino com intenção, mas recebe um castigo de exílio em uma cidade de refúgio que foi feita para esse fim e que geralmente era habitada pela tribo de Levi que não tinha terra própria.
O castigo dele era ficar lá até o Cohen Gadol (sumo sacerdote) falecer, e o versículo diz que “depois da morte do Cohen Gadol o assassino pode voltar à sua terra”.
Surge a pergunta:
Porque a Torá continua chamando ele de assassino se de acordo com a própria Torá depois da pessoa ter recebido o castigo neste mundo sua transgressão é apagada no tribunal Divino ?
No começo ele é chamado de assassino porque a regra da Torá é que coisas boas acontecem por meio de pessoas boas, e coisas ruins por meio de pessoas ruins.
O fato de a morte acidental ter acontecido por meio dele justificou o adjetivo assassino.
Depois que ele cumpriu sua pena de exílio e se tornanou por meio disso um Tzadik, a Torá diz que “Depois que morrer o Cohen Gadol, o assassino pode voltar para a terra da sua herança”.
A linguagem é estranha! Porque a Torá continua chamando ele de assassino mesmo depois de ele ter cumprido sua pena?
Assassinato por falta de reza
A Guemará em Macot 11b nos conta que o Cohen Gadol na função de sumo sacerdote deveria rezar para que esses acidentes não acontecessem, e o fato de ter acontecido demonstra que o Cohen esqueceu de rezar para isso.
Assassinato por meio de reza
A consequência automática disso é uma reza contrária, o exilado reza para que o Cohen Gadol morra rápido para que ele possa sair do exílio e voltar para a sua família.
Por isso ele é chamado novamente de assassino, por ter causado a morte do Cohen Gadol por meio de suas rezas, nos ensinando que uma reza não só que pode salvar alguém mas pode também matar alguém.
Anulando uma reza assassina
A mãe do Cohen Gadol levava para esses exilados roupas e comida para que eles não desejassem o mal da sua família, e esse era o jeito dela de anular essa propensão de reza.
Ou seja, depois que ele recebeu dela roupas e comida, ele só iria desejar o bem dela e dar todas as bênçãos para essa família.
Conclusão : sempre temos que rezar e pedir pelas pessoas próximas a nós para que nada de ruim aconteça por meio delas e também sempre ajudar à quem está ligado à nós para que todos sempre desejem o nosso bem.
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Quarenta e duas viagens
Nosso povo fez quarenta e duas viagens entre a saída da escravidão no Egito e a milagrosa entrada na “Terra Prometida”.
O que há por trás das quarenta e duas viagens que nos dá a obrigação de nos lembrarmos delas todos os anos quando lemos Parashat Mass’ei na Torá ?
O Baal Shem Tov nos revelou que cada um de nós tem um itinerário de viagens planejado lá de cima para percorrer durante sua vida.
A Torá nos conta sobre quarenta e duas viagens que o povo de Israel teve que fazer entre a saída do Egito e a chegada à terra de Israel.
Diz o Baal Shem Tov que o objetivo dessas viagens era para elevar pequenas “Revelações Divinas”, que chamaremos de “Centelhas Divinas”.
Quando damos um exemplo sobre a Revelação Divina comparamos ela à uma grande Luz, por isso essas pequenas revelações são comparadas à pequenas centelhas.
O objetivo dessas 42 viagens era fazer um “Tikun”, uma “reparação”, um conserto espiritual nesses lugares por onde eles passaram que consistia em elevar essas “Centelhas Divinas”.
Em cada lugar eles acamparam, mas ficaram somente o tempo necessário para fazer o “Tikun” e elevar as “Centelhas Divinas” daquele lugar.
O Baal Shem Tov diz que cada um de nós tem um circuito de viagens pré destinadas durante toda a sua vida.Tudo é pré determinado até os pequenos detalhes.
Onde vai morar, onde vai trabalhar, para onde vai viajar, onde vai passar uma semana, onde vai passar um ano, onde vai morar mais ou menos tempo.
Um detalhe interessante é que tanto no lugar onde o povo de Israel acampou por um só dia quanto no lugar onde eles acamparam por dez anos eles montaram o Mishkan, nosso Templo Móvel, como se fossem ficar lá a vida inteira.
Nos ensinando que mesmo sabendo que Mashia’h pode chegar hoje, mesmo assim devemos nos comportar de maneira natural como se tivéssemos que ficar aqui a vida inteira.
Nossas viagens
Somos chamados de Sefaradim que eram os Judeus árabes da península Ibérica, somos chamados de Ashkenazim que eram os Judeus europeus da Alemanha antiga.
Mesmo que a palavra Sefarad se refere ao espaço geográfico da península Ibérica, nossos avós não vieram da Espanha mas sim de países Árabes.
Somos Sefaradim só de nome, e a prova disso é que tanto em Portugal quanto na Espanha já não haviam comunidades judaicas nos últimos quinhentos anos.
E mesmo que a palavra Ashkenaz se refere a Alemanha antiga, a grande maioria dos judeus Ashkenazim não veio da Alemanha, mas sim da Europa oriental.
Ou seja, na Síria e no Líbano sabíamos que éramos Sefaradim, portugueses ou espanhóis, mas não libaneses.
Nenhum de nós pertencia nem mesmo ao próprio país de onde vinha, demonstrando explicitamente a locomoção do nosso povo.
Ninguém mais pode voltar para a Síria ou para o Líbano nem para visitar, e ninguém vai querer morar na Polônia ou na Romênia que no passado foram comunidades judaicas enormes.
Os Judeus que foram expulsos de Recife em 1654 fundaram Nova York e eram chamados de Sefaradim, em 1824 Judeus vindos do Marrocos fundaram a Sinagoga de Belém e também eram chamados de Sefaradim.
Temos uma aparência européia ou árabe, mesmo sendo Judeus brasileiros, e essa é a marca registrada de que somos turistas em qualquer país onde vivemos, estamos aqui fazendo um “trade travell”, um “turismo de negócios”!
Pensamos que tudo o que fazemos estamos fazendo para nós próprios, mas na realidade por trás de tudo está Hashem (D’us) causando nossas mudanças para que possamos elevar essas “Centelhas Divinas” espalhadas pelo mundo.
E assim fazemos todos os consertos, ”Tikunim”, que nossa Alma precisa fazer nesse mundo em um limite de viagens pré determinado.
Achamos que conseguimos um emprego melhor e subimos na vida, depois abrimos nosso próprio negócio e vamos para a China ou para a Índia comprar mercadoria.
Voltamos para cá para vender a mercadoria e pensamos que somos espertos e lucramos!
Mas simplesmente é Hashem (D’us) que está causando tudo isso para que cada um possa elevar a sua parte do mundo, a parte que está na sua responsabilidade.
Por isso que sobre a saída do Egito está escrito que quando saímos do Egito deixamos o Egito como uma armadilha sem isca ou como as fossas oceânicas que não tem peixes.
Ou seja, tiramos do Egito a “isca” espiritual que nos atraiu para lá que na verdade eram 210 “Centelhas Divinas” que elevamos lá, e o mesmo estamos fazendo aqui e agora!
Está esclarecido nos livros sagrados que como consequência da “Quebra dos receptáculos”, conceito cabalístico que se refere a um fenômeno espiritual acontecido antes da criação do mundo, caíram 288 Nitzutzot, “Centelhas Divinas” nesse nosso mundo material chamado pela Kabala de “o mundo do conserto”.
Nos anos da fome, na época em que Yossef era o vice rei do Egito antigo, pessoas de todas as terras trouxeram ao Egito dinheiro em forma de ouro, prata e etc, e com esse dinheiro compraram trigo e mantimentos.
E assim, por meio desse dinheiro, Yossef o Tzadik reuniu no Egito essas Nitzutzot para que o povo de Israel pudesse elevá-las posteriormente.
E realmente assim aconteceu. A maior parte delas se elevou, como está escrito “e também erev rav”.
A palavra “rav” tem o valor numérico de 202 representando 202 Nitzutzot matrizes.
Sobraram ainda 86 Nitzutzot cujo valor numérico é equivalente a um dos nomes de D’us, “Elokim”, e também à palavra “natureza”, indicando que esse nome se refere à revelação Divina dentro da natureza, ou seja, milagres revestidos em assuntos naturais.
A pergunta é: como em 210 anos no Egito elevamos 202 Nitzutzot e desde lá até hoje se passaram 3.337 anos e ainda não terminamos de elevar essas poucas 86 Nitzutzot que sobraram.
Está esclarecido nos livros de Hassidut e Kabalá que são os livros do lado oculto da Torá oculta que depois da saída do Egito, aqueles poucos 86 Nitzutzot se ramificaram, se dividiram em milhões de ramificações, e por isso em todos os exílios pelos quais passamos e estamos passando, de uma maneira geral nos locomovemos atrás das “partículas” dessas “Centelhas Divinas” em todo o mundo.
No começo nossa locomoção era no oriente médio e no norte da África, na continuação nossa principal locomoção foi na Europa e agora nós espalhamos por todos os continentes.
Já não precisamos viajar para a China para elevar os Nitzutzot que estão lá, mas por meio da importação de produtos “Made in China” os Nitzutzot chegam até nós (como chegaram para Yossef no Egito) em forma de roupas, outros produtos e etc.
O Rebe de Lubavitch nos contou que já terminamos o trabalho do refinamento, esse trabalho de elevar os Nitzutzot, terminamos de maneira geral, mas ainda deve ter sobrado para cada um de nós alguma coisinha pequena personalizada para elevarmos. E então imediatamente chega o Mashia’h que estamos tanto esperando já há dois mil anos
Shabat Shalom
Rabino Gloiber
Sempre correndo
Mas sempre rezando por você
www.RabinoGloiber.org