Está escrito : ”Talvez você diga no seu coração :
“Esses povos são muito mais numerosos do que eu, como poderei conquistá-los?” (דברים ז’ י”ז)
Ou seja, talvez você sinta a realidade!
Você mediu o tamanho do problema e se conscientizou de que não tem a mínima chance de resolvê-lo.
Lá vai a regra geral que Moshe Rabeinu nos dá aqui para todo e qualquer problema (incluindo fechar as contas no fim do mês) :
“Não tenha medo deles !
Lembre-se do que Hashem fez ao faraó e a todo o Egito, os milagres, as maravilhas etc etc etc.
Ou seja, isso é o que devemos pensar e sentir sempre em qualquer situação difícil.
Se não saiu como queríamos, com certeza nos espera algo melhor.
Mas nós devemos fazer a nossa parte que é fazer os nossos pedidos para Hashem e vivermos confiantes a cada instante, nunca pensarmos que não vai sair como queremos, mas sim nos lembrar dos milagres e das maravilhas que Hashem fez no Egito e nos conscientizar de que assim ele vai nos fazer agora !
Tefilá:
Aprendemos com Yaakov, nosso terceiro patriarca, que quando surge um problema, em primeiro lugar fazemos nossos pedidos para Hashem (D’us)
Yaakov rezou para Hashem ajudá-lo e não precisou usar seu mérito e nem o mérito das bençãos que ele recebeu do seu pai.
O mérito de fazermos nossos pedidos para Hashem já justifica recebermos o que estamos pedindo, e isso somente pelo fato de estarmos pedindo para Hashem o que precisamos na hora que precisamos.
Com nosso patriarca Yaakov aprendemos algumas regras básicas de como fazer um pedido para Hashem:
Aprendemos com ele que quando rezamos, devemos explicar e especificar o que queremos de maneira clara e detalhada.
Hashem está em todo lugar e sabe o que queremos mesmo sem pedirmos, mas aprendemos com Yaakov que para recebermos alguma coisa sem pedir, necessitamos de um grande mérito lá em cima.
Mérito que até o próprio Yaakov, o maior dos patriarcas, preferiu não usá-lo enquanto não fosse extremamente necessário.
E se até Yaakov que tinha de verdade esse mérito lá em cima, preferiu guardá-lo para que pudéssemos usá-lo nos tempos do Mashia’h, e por isso rezou detalhadamente para não precisar usar aquele mérito, quem somos nós para esperar que Hashem nos faça um milagre sem pedirmos.
E mesmo que muitas vezes Hashem nos faz verdadeiros milagres sem que cheguemos a saber, ou seja, Hashem nos faz grandes milagres ” pelas costas”, mesmo assim o certo é pedirmos detalhadamente quando sabemos o que precisamos, e isso por dois motivos:
1- Se não rezarmos talvez o milagre não aconteça.
2- Se acontecer sem rezarmos, ele poderá ser descontado dos nossos méritos.
Por isso, diz o Zohar, Yaakov detalhou sua reza dizendo: – “Me salve por favor, do meu irmão, de Essav, para que ele não venha e ataque as mulheres e as crianças”.
Analisando a reza de Yaakov
1 – “Me salve por favor” (mas de quem? talvez de Lavan?).
2 – “do meu irmão” (mas antigamente parentes eram chamados de irmãos!).
3- “de Essav” (mas por qual motivo isso é necessário?).
4- “para que ele não venha e ataque mulheres e crianças”.
Mesmo que a reza foi curta, uma reza de três versículos, vemos que ela conteve todos esses detalhes e foi eficiente. Nós próprios somos a prova ”viva” de que a Tefilá dele funcionou, senão não estaríamos aqui!
O segredo dos Tehilim
Se é assim, porque lemos os Tehilim (Salmos) como sendo a melhor reza quando (D’us nos livre) surgem problemas de saúde , financeiros ou de qualquer outro tipo, se esses Tehilim não estão especificando detalhadamente nenhum dos nossos pedidos, como pode ser que eles servem para tudo?
Como pode ser que você, lendo uma súplica do rei David pedindo para Hashem o salvar de Shaul, isso vai ser considerado como se você tivesse pedido detalhadamente e da maneira mais correta possível tudo o que você tinha intenção de pedir?
Sobre isso diz o Zohar na nossa Parashá:
– “Venha e veja! Nesses Tehilim que falou David, existem segredos e assuntos elevados nos segredos da sabedoria.
Sendo que todos foram ditos por meio do Rua’h Hakodesh, inspiração Divina, que pairava sobre David e então ele os cantava. Portanto, todos os Tehilim foram ditos por meio de segredos profundos da sabedoria” .
Ou seja, quando você lê os Tehilim em hebraico você está expressando o seu sentimento e o pedido do seu coração da maneira mais profunda possível.
A intenção do rei David quando ele os escreveu era oculta e as palavras dele representam forças ocultas apelidadas por ele dessa maneira.
Mesmo que ler os Tehilim já é o suficiente, mesmo assim é bom antes ou depois do Tehilim fazer o seu pedido explícito e detalhado como o fez Yaakov!
Fora a reza, Yaakov se preparou para uma guerra, e também mandou presentes para Essav, nos mostrando que a Tefilá tem que recair sobre uma ação material.
Rezamos para que o nosso trabalho dê frutos e fazemos o nosso trabalho com toda a dedicação e empenho. Pedimos para Hashem nos dar sucesso em tudo o que fizermos e fazemos tudo da melhor forma possível. Somente no caso em que realmente não há o que fazer, a Tefilá por si só já é o suficiente.
Rezando por outras pessoas
O Baal Shem Tov tinha um mestre que descia do céu para ensinar a ele Torá. Esse mestre era o profeta Ahia Hashiloni que viveu na época do Rei Salomão e foi posteriormente o mestre de Eliahu Hanavi.
Disse o Baal Shem Tov que o profeta Ahia revelou para ele que a Sefirá chamada Mal’hut é chamada de din (decreto rígido) e raíz dos dinim é a Sefirá chamada Bina.
Por meio da reza elevamos o “din” até a biná e lá adoçamos ele. Ou seja, mudamos o DNA dele na sua fonte e transformamos ele em bondade. Quando rezamos por outra pessoa ligamos ela a essa raiz espiritual, à Biná, e lá ela já é outra pessoa. Então vamos tentar e rezar bastante para que todos os que estão ligados à nós tenhan só alegrias.
Pedindo tudo de graça
Mesmo podendo os Tzadikim justificarem o atendimento de seus pedidos, mesmo assim, pedem à Hashem que atenda aos seus pedidos sem olhar para seus méritos. Pedem para que Hashem atenda aos seus pedidos de graça.
A primeira coisa que aprendemos daqui é de não pensar nos nossos méritos na hora de rezarmos e fazermos nossos pedidos. O atendimento à nossos pedidos é um presente que Hashem nos dá por termos pedido.
Mesmo assim, quando rezamos, devemos a segurança de que vamos ser atendidos. Nunca podemos imaginar no meio da reza que talvez não sejamos atendidos, porque a falta de fé enfraquece o efeito da reza.
Na hora que estamos pedindo qualquer coisa para Hashem temos que acreditar com fé perfeita que o nosso pedido vai ser atendido. Assim, com a nossa fé facilitamos para Hashem (D’us) nos dar tudo o que estamos pedindo para ele
Mas se acontecer de você não receber o que está pedindo no momento, saiba que isso é sempre por motivos que são para o nosso bem e em breve veremos isso de forma revelada ou essa bondade por motivos Divinos vai continuar oculta para nós .
Nunca nenhuma reza é perdida, e quando ela não é atendida ela é redirecionada para algo mais importante que muitas vezes nem sabíamos que precisaríamos tanto disso.
E quando recebemos aquela coisa que tanto precisávamos agradecemos à Hashem por ter nos dado aquilo e temos certeza que tínhamos totalmente esquecido de rezar por aquilo.
Pedindo para Hashem o que precisamos na hora que precisamos
De acordo com a Torá, a Mitzvá da Tefilá é pedir para Hashem o que você precisa na hora que você precisa, como por exemplo em uma hora de perigo, um dos 613 mandamentos da Torá é rezar pedir para Hashem nos salvar do perigo, e isso é um dos princípios da nossa fé.
O motivo desse princípio é que por meio disso a pessoa vai saber e entender que Hashem dirige o mundo e toma conta de cada detalhe de cada uma das criaturas, e somente Hashem sozinho tem a possibilidade de nos salvar.
O Rambam nos conta no quinto princípio da fé judaica que o fato de cada cada um de nós ser obrigado a cumprir o mandamento da Tefilá que consiste em pedir para Hashem o que você precisa na hora que você precisa, é para nos mostrar que a Mitzvá da Tefilá não é específica para pessoas próximas de Hashem como Tzadikim mas sim para cada um de nós.
Quando precisamos de alguma coisa é uma Mitzvat Assé, um Mandamento “Faça”, fazer nossos pedidos para Hashem.
Algumas vezes nosso pedido será aceito e realizado, e algumas vezes, para nosso próprio benefício material ou espiritual, nosso pedido não é aceito.
Isso se compara a alguém que manda o seu pedido para um rei.
Qualquer pessoa pode mandar para o rei um pedido, e mesmo sendo ela a pessoa mais distante, pode ser que o rei vai atender à seus pedidos porque condiz à boa natureza e piedosa do rei atender especificamente aos mais humildes e etc…
O fato da pessoa estar mais próximo ou mais distante do rei vai fazer diferença somente em relação aos pedidos sobre assuntos públicos e de grande importância para o povo.
Mas assuntos de interesse pessoal de cada um não faz diferença se a pessoa está mais próxima ou mais distante do rei.
Nossos Sábios e profetas no exílio da Babilônia viram que estamos esquecendo o que devemos pedir e a frequência na qual devemos pedir, e escreveram para nós a reza de 18 bençãos conhecida como Amidá por falarmos ela em pé como alguém que se encontra na frente do Rei.
Os Sábios da Mishná conhecidos como Tanaim e os Sábios da Guemará conhecidos como Amoraim acrescentaram mais algumas rezas seguidos pelos Sábios das outras gerações até chegarmos ao Sidur que é o livro de rezas que temos hoje.
Conclusão:
Vamos rezar forte e pedir para Hashem tudo o que precisamos na hora que precisamos e ter muita fé de que vamos receber tudo o que estamos pedindo ou que muito mais do que isso Hashem vai dar para nós