Os Dez Dias de Teshuvá, dez dias de retorno para Hashem (D’us), também conhecidos como “Yamim Noraim” (“Os Dias Temíveis”) começam no primeiro dia de Rosh Hashaná e terminam no final de Yom Kipur.

 

A Guemará nos conta que durante esses dez dias todas as criaturas são julgadas individual e coletivamente, e o que vai acontecer no próximo ano é determinado para cada um de nós e para o mundo inteiro.

 

Não é coincidência o fato de o período mais definitivo no ano judaico consistir em um período de dez dias.

 

Hashem (D’us) criou o mundo por meio de Dez Frases, e essas Dez Frases  estão sincronizadas com os Dez Mandamentos Divinos que são a raiz das 613 Mitzvót da Torá.

 

Segundo a Kabalá, o número Dez tem destaque na Torá porque Hashem (D’us) cria e mantém o mundo por meio de dez canais, dez categorias de emanação Divina diferentes, chamadas de as “Dez  Sefirot”.

 

Essas emanações Divinas constituem a interface por meio da qual Hashem, o D’us Infinito, se relaciona com Sua Criação finita.

 

Nossos Sábios da Torá oculta ensinam que as Dez Sefirót correspondem às Dez frases com as quais Hashem (D’us) criou o Universo.

 

A conexão entre os Dez Dias de Teshuvá e as Dez Sefirotsão explicadas pelo Ari Zal,  Rabi Yitzhak Luria Ashkenazi.

 

As Dez Sefirot são divididas em duas categorias: Três Sefirot intelectuais e sete Sefirot emocionais.

 

As três Sefirot intelectuais são Ho’hmá (Sabedoria), Biná (Entendimento) e Da’at (Conscientização).

 

As sete Sefirót emocionais são:

 

Hessed (Bondade), Guevurá (Força), Tiferet (Harmonia), Netza’h (Vitória), Hod (Esplendor), Yessod (Fundamento) e Mal’hut (Soberania).

 

Há uma 11ª Sefirá, chamada de Keter (Coroa), que fica acima das outras dez.

 

Diz o Sefer Yetzirá que as Dez Sefirot são sempre 10 e não 11, porque sempre que a Keter se revela a Daat se oculta.

 

Arizal nos ensina que os Dez Dias de Teshuvá são associados com todas as 11 Sefirot, inclusive Keter e Da’at.

 

Cada um dos Dez Dias de Teshuvá é associado com uma Sefirá diferente, começando com Keter.

 

O Yom Kipur é associado com as duas últimas SefirotYessod Mal’hut juntas, e aí elas voltam a ser dez.

 

Rosh Hashaná – 1º Dia – Keter

 

Na Árvore da Vida que representa o conjunto das Dez Sefirót, a Keter  é a primeira Sefirá.

 

Keter representa a Vontade de Hashem (D’us), incorporando Seu desejo de criar o universo.

 

Keter é a “intermediária” entre o Infinito (Ein Sof) e o finito.

 

Representa o ponto de transição onde o potencial ilimitado de Hashem (D’us) começa a tomar forma.

 

Sefirá de Keter está acima da compreensão humana e é simbolizada por uma coroa que está no corpo mas acima dele.

 

Ou seja, mesmo tempo que ela está conectada ao corpo que é representado pelas Dez Sefirót, ela está acima dele e não faz parte dele.

 

Quando entendemos o vínculo da Keter  com Árvore da Vida quite é o conjunto das Dez Sefirót, entendemos também o que nos explicou o Ari Zal que a Kéter é a Sefirá predominante no 1º dia de Rosh Hashaná.

 

A Keter representa a Vontade Divina e o potencial para novos começos, e esse é o significado de Rosh Hashaná (literalmente, “a cabeça do ano”) o início do ano judaico.

 

Cada Rosh Hashaná reproduz o ato original da Criação Divina: ano após ano, nessa data, Hashem (D’us) decide se renovará o mundo para um novo ano de existência.

 

Por isso o primeiro dia de Rosh Hashaná é profundamente conectado com a Sefirá de Keter, simbolizando a Vontade Divina de que o mundo exista.

 

Em Rosh Hashaná, a nossa missão é a de reafirmar a soberania Divina coroando Hashem como Rei. Confirmamos Sua autoridade suprema e Sua atuação por trás dos bastidores criando novamente a cada instante todo o Universo.

 

Fazendo isso nos asseguramos que Hashem renove Seu compromisso com a Criação para mais um ano.

 

O potencial para o ano inteiro está contido em Rosh Hashaná, particularmente em seu primeiro dia, fazendo com que seja o dia mais influente do ano, com o poder de influenciar todos os demais.

 

Outra clara conexão entre a Sefirá de Keter e Rosh Hashaná se encontra no principal mandamento dessa data: ouvir os sons do Shofar, que simbolizam a coroação de Hashem como Rei e nossa aceitação de Sua soberania, que é o tema principal nas rezas de Rosh Hashaná, nosso reconhecimento de que Hashem é o Rei do Universo.

 

Sefirá de Keter  vem antes de todas as Sefirot, porque ela representa à vontade, o desejo e o mais alto nível de consciência, servindo como base para as demais.

 

Por isso, nossos desejos que são as manifestações da Keter da nossa Alma dão origem a nossos pensamentos e emoções, que se tornam palavras e atos.

 

Assim sendo, o primeiro dia de Rosh Hashaná é um momento para reflexão sobre nossa vida e nossos planos para o ano que se inicia.

 

É o dia mais adequado do ano para decidirmos que queremos nos tornar pessoas melhores e transformar o nosso mundo em um mundo melhor.

 

Em Rosh Hashaná, utilizar a Sefirá de Keter de forma adequada significa alinhar-nos com a Vontade Divina e planejar objetivos que contribuam para a contínua renovação e melhora de nós mesmos e do mundo inteiro.

 

 

Rabino Gloiber

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