Lavan, Bilam, Naval
Todo o poder de Bilam, toda a sua força, estava na fala. Ele fazia feitiços por meio da fala, maldições por meio da fala, dava maus conselhos e fazia intrigas, tudo por meio da fala
Na Parashá anterior estudamos que o principal da Alma de Kora’h era o lado ruim da Alma de Hevel (Abel).
No Shaar Hapsukim do Ari Zal em Parashat Kora’h consta que em Kora’h estavam 308 Almas do lado ruim de Hevel e isso era o principal da Alma dele. Posteriormente ele “pegou” o lado ruim da Alma de Caim.
Depois desse acontecimento Kora’h é visto como Alma de Caim até seu conserto e refinamento feito pelo seu descendente, o profeta Shmuel (Samuel) que também é ligado à raiz de de Caim.
O profeta Shmuel tirou seu antepassado Kora’h do gehinom seguindo a regra judaica de que o mérito do filho serve para o pai, regra que inclui todos os antepassados.
Bil’am também era o lado ruim da Alma de Hevel, mas em um aspecto diferente da Alma de Kora’h.
Diz o Sefer Haguilgulim do Ari Zal (livro das reencarnações) que Lavan, o pai das nossas matriarcas, mesmo sendo “Lavan o ruim”, tinha poderes na fala.
Quando Eliezer chegou à Haran e ele o recebeu com as palavras “Benvindo abençoado por D’us”, tirou Eliezer da maldição de Noa’h e o transformou de amaldiçoado em abençoado.
Posteriormente Lavan se reencarnou e se tornou Bil’am.
A fonte dos super poderes
O lado ruim de Hevel também tinha um pequeno aspecto de Kedushá (Santidade) porque quando o lado ruim é refinado e “expelido” para fora do lado bom leva com ele um pouco da Kedushá do lado bom.
E por isso Bil’am era profeta de alto nível e comparado à Moshe Rabeinu por causa desse lado bom que ainda tinha permanecido nele.
Essa comparação de nível também é causada pelo fato de tanto a Alma de Moshe quanto a de Bil’am terem origem em Hevel (Abel) e posteriormente estarem em Shet onde aconteceu o refinamento e a separação.
Nessa separação o lado bom foi para Moshe e o lado ruim para Bil’am. Esse era o aspecto espiritual comum entre Moshe e Bil’am
Reencarnação como mineral
D’us é a essência do bem e o que chamamos de castigo não é um castigo mas sim o refinamento da Alma.
Todo o mal que Bil’am fez foi por meio da fala e por isso, diz o Shaar Haguilgulim, ele se reencarnou como pedra.
A pedra não fala, e o sofrimento dessa Alma obcecada em falar coisas ruins, quando reencarnada em mineral é enorme.
Depois de passar por reencarnação em pedra, diz o Shaar Haguilgulim que Bil’am se reencarnou como Naval Hacarmeli, um judeu muito rico, descendente de Kaleb e portanto parente de David.
Os homens de David deram uma ajuda muito grande aos pastores de Naval, e quando Naval fez a grande festa da tosa do seu rebanho como se costumava fazer naquela época.
David mandou uma delegação de seus homens para arrecadar fundos para ajudar as famílias dos homens de David que necessitavam de alimentos para as festas judaicas que iriam começar.
Nessa ocasião, não só que Naval não participou com nada, mas também fez uma horrível e incriminadora declaração contra seu próprio parente, o Rei David que o ajudou.
David tinha sido ungido pelo profeta Shmuel para ser o novo rei Israel e Shaul desconfiava disso e queria assassinar David.
A declaração de Naval contra David estava colocando ele e seus homens em perigo dando mais um pretexto para Shaul fazer um novo ataque.
Se Naval agradecesse pela grande ajuda que recebeu de David e desse essa Tzedaká que seria o mínimo de reconhecimento pelo trabalho que eles tinham feito para Naval.
Esse apoio para as famílias necessitadas que protegeram seus rebanhos, não só que não seria para ele um prejuízo mas seria até um investimento para as próximas vezes que precisasse dessa ajuda.
E o principal, o bem da sua Alma, porque se fizesse isso também conseguiria consertar de maneira positiva o que fez de errado na reencarnação anterior.
O Rei David ouvindo os insultos de Naval relatados pelos pelos seus homens decidiu usufruir do seu direito de Rei Ungido de poder atacar a pessoa que se declarou contra ele e estava colocando ele em perigo de vida.
David e seus homens só não colocaram isso na prática porque Avigail, esposa de Naval se encontrou com David no meio do caminho trazendo mantimentos e implorando para que ele deixasse isso nas mãos de D’us, o que foi visto pelo rei David como uma grande sabedoria e inspiração Divina.
Diz o versículo que quando Avigail conta à Naval a consequência das suas palavras ruins “ele ficou como uma pedra”.
A memória da Alma
Diz o Ari Zal que a linguagem do versículo nos revela que mesmo não nos lembrando da nossa reencarnação anterior, nossa Alma se lembra, e por isso ele teve essa reação.
Inconscientemente ele se lembrou que por esse mesmo motivo ele tinha se reencarnado em uma pedra.
Logo após esse acontecimento ele faleceu, nos mostrando que quando a pessoa não faz o conserto da sua Alma de maneira positiva o conserto acontece por si só, mas de maneira negativa.
Aprendemos da história de Bil’am para o nosso dia a dia que Hashem nos protege das pessoas que nos amaldiçoam e transforma as maldições em bênçãos.
E por isso não precisamos nos preocupar mas sempre devemos confiar em D’us.
Aprendemos também que sempre devemos falar coisas boas e nunca falar coisas ruins, e que Hashem pode resolver os nossos problemas de várias maneiras sem que você seja o bruxo ou a bruxa má da história.
E aprendemos também que existe reencarnação em minerais!
Conclusão: de vez em quando é melhor ser uma pedra durante a vida e não falar coisas ruins do que ter que ser uma pedra depois da vida….
Então, vamos falar só coisas boas, só temos a ganhar.
Rabino Gloiber
Sempre correndo
Mas sempre rezando por você
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