E foram os dias de Sarah….
O livro do Zohar , clássico da Kabala , explica que a história da vida de Sarah na Torá simboliza a decida da nossa Alma, que é apelidada de Avraham, para o nosso corpo, que é apelidado de Sarah.
A Alma Divina chamada de “Neshamá” é uma parte de D’us. Essa Alma é você .
Você , que desceu do céu para vencer uma corrida de obstáculos cheia de desafios que chamamos de vida e cumprir as Mitzvót, comandos Divinos, para ganhar por próprio mérito um “baixo paraíso” no qual uma hora eqüivale a setenta anos dos maiores prazeres nesse mundo, ou até um alto paraíso, onde uma hora eqüivale a setenta anos no baixo paraíso, como prêmio por ter feito o trabalho Divino nesse mundo.
A Neshamá é pura e linda , cada ano que passa fica mais refinada e reluzente por meio do cumprimento das Mitzvót.
Poderíamos dizer como exemplo que cada ano que passa , enquanto o corpo fica mais velho a Neshamá fica “mais jovem”.
O elo entre a Neshamá e o corpo é a alma animal na qual a Neshamá se reveste para acionar o corpo.
Essa alma animal é uma alma espiritual do nível deste mundo de Assiá .
Sendo que o corpo é somente equipamento com suas limitações e defeitos e a alma animal é só o software do corpo, tendo “vontades” próprias que são somente os interesses do animal racional, o primeiro desafio que temos a enfrentar (com jeitinho para não quebrar o equipamento nem seu software mas sim transformá-lo em aliado ao nosso objetivo) é focar a alma animal e o corpo nos interesses da Alma Divina que é você.
O primeiro obstáculo são os interesses do corpo que por instinto vai tentar usar a Neshamá para incrementar seus prazeres causando o fracasso da descida dela para esse mundo .
Vamos ter que domá-lo ajudando-o pouco a pouco a deixar de ser animal , mas sem overtraining , tomando o devido cuidado para ele não quebrar mas sim usar seu entusiasmo animal a nosso favor.
A Alma Divina tem um complemento para fazer a vontade Divina que é chamado de Yetzer a Tov que é a nossa boa inclinação.
A alma animal tem um complemento para fazer as vontades do corpo , esse instinto é chamado Yetzer a rá que é a nossa má inclinação.
O Zoar nos conta que todas as noites quando vamos dormir , nossa alma sobe e se apresenta ao tribunal Divino, “os juízes da competição”. Ela é julgada por essa etapa da “corrida” . Se ela vence ela volta de manhã para continuar competindo.
Ela é julgada de duas formas diferentes. O julgamento das ações positivas não é como o das negativas.
Ela não é julgada pelas coisas negativas que vai fazer mas somente pelas que já fez.
O julgamento das ações positivas é diferente, ela recebe um prêmio pelo que já fez e também é favorecida pelo que vai fazer.
Assim ela volta feliz e renovada de manhã para o corpo mesmo sem que seus atos atuais justifiquem isso.
Quando ela sobe , um espírito impuro paira sobre o corpo. Quando ela volta , esse espírito impuro foge mas ainda fica ligado a nossos dedos, por isso fazemos Netilat Yadaim , lavamos as mãos de manhã intercaladamente para tirá-lo. Acordamos felizes por termos vencido a etapa do dia e agradecemos à Hashem dizendo “Modé Ani…”
O Zoar nos conta que os dias da nossa vida estão vinculados à sete Sefirot compostas de dez. Ou seja , Hessed , Guevura , Tiferet , Netza’h , Hod , Issod e Mal’hut , cada uma com todas as Dez Sefirót incluindo ela novamente em segundo plano Incluindo as “Três Primeiras” que são a Ho’hmá , a Biná e a Daat.
Por isso diz o rei David no Tehilim :- “Os dias da nossa vida são setenta anos” , ou seja , sete sefirot compostas de dez , e quando chegamos ao último nível e já não temos mais onde nos apoiar , então começa nossa decadência .
Ou seja , o tempo da nossa corrida de obstáculos é cronometrado !
O rei David fala sobre uma pessoa normal , mas quem aproveitou os setenta anos para subir de nível a nível e se tornou um Tzadik ou uma TZADEKET , como no caso de Sarah , se conecta a Sefirá que está acima das sete , ou seja , a Biná que engloba as três primeiras , e lá não tem declinação e limite para a vida porque lá já existe o vínculo ao infinito .
Por isso está escrito :- “Vai’hiu hayei Sarah” , uma linguagem de “ser”, foram dias verdadeiros sem declinação. Também a palavra “esses” foram os dias da vida de Avraham se refere ao mesmo assunto.
E se perguntarmos :- Por quê essa mesma linguagem é usada para os dias de Ishmael ? O motivo é simples , porque Ishmael voltou para o bom caminho, ele fez Teshuvá!
O Zoar nos conta que Ketora, a segunda esposa de Avraham era a própria Agar, a mãe de Ishmael. Ela fez Teshuvá e até mudou de nome para expressar a veracidade da sua mudança de comportamento.
O fato de a Torá nos contar a história de Sarah e o Zoar nos revelar os segredos que estão por trás dela , vem nos indicar que “As atitudes dos patriarcas são um exemplo para os filhos”.
À cada um de nós foram dadas as forças necessárias para chegarmos à etapa final dessa corrida de obstáculos e vencermos. Mas temos que fazer isso sem overtraining, sem fundir o motor para tentar chegar mais rápido e por outro lado também não ficarmos parados com medo de ter uma distensão.
Mas a cada dia fazer as Mitzvot daquele dia com muita alegria amor e carinho , e o principal : Saber que D’us é a essência do bem e a natureza de quem é bom é fazer o bem , e que D’us está o tempo todo na nossa torcida levando a gente pela mão , nos ajudando a ultrapassar cada obstáculo e pronto para comemorar a nossa vitória com a Gueulá verdadeira e completa por meio do Mashia’h em breve em nossos dias de verdade !
Rabino Gloiber
Sempre correndo
Mas sempre rezando por você
www.RabinoGloiber.org
