Ódio Gratuito:
No começo da nossa Parashá Hashem (D’us) pede para fazer uma guerra contra Midian por eles terem abalado a estrutura do nosso povo recrutando um exército de mulheres para seduzir os jovens judeus e induzi-los à idolatria do Baal Peor causando 24.000 mortes em uma epidemia que surgiu como consequência disso
Essa guerra aconteceu há mais de 3260 anos. Por qual motivo temos que nos lembrar hoje que vencemos a guerra de Midian há tanto tempo atrás?
A Torá tem um lado revelado que chamamos de “corpo da Torá” e um um lado oculto, “Alma da Torá”.
O lado “corpo” dessa guerra aconteceu há mais de 3260 anos atrás mas o lado “Alma” dela acontece diariamente.
Aqui na nossa Parashá estudamos no lado oculto da Torá o diagnóstico de uma “Klipá” (força espiritual negativa que atua no mundo) chamada de klipat Midian.
Essa Klipá é a fonte espiritual do ódio gratuito que causou a destruição do segundo Beit Hamikdash, o exílio do nosso povo, e até hoje ela continua no nosso meio.
Então não é por acaso que lemos essa Parashá nessa época em que o Beit Hamikdash foi destruído .
A Torá já tinha nos contado sobre os meraglim (espiões) que contra a vontade Divina queriam que o povo ficasse no deserto estudando Torá para entrarem na terra de Israel mais preparados.
Agora, depois de décadas de estudo, nosso povo se encontra com um exército de mulheres que vem nos seduzir.
Como poderiam correr atrás da primeira mulher que vissem depois de estar quase quarenta anos estudando Torá?
Essa é a consequência da Klipá que se provou resistente a estudos de Torá, à classe social e até à nível espiritual. Todos nós estamos sujeitos à ela, ela é a pior de todas as klipot.
Características da Klipá de Midian
1-Bilam o feiticeiro sabia que para D’us as piores coisas são a idolatria e as relações ilícitas.
Bilam não tinha motivo justo para aconselhar Balak, rei de Moav contra nós. Seu país (Midian) estava longe de nós e não estava nos nossos planos de conquista, e portanto o ódio dele por nós era “ódio gratuito”.
Ele viajou até Moav sabendo que Moav também não estava em perigo, para dar o conselho mais destrutivo do mundo em relação à nós.
Ele estava “possuído” por essa klipá
Quando essa Klipá nos contagia nos tornamos dispostos a fazer tudo para destruir. Ela desperta em nós o sentimento de destruição sem limites, sem motivo ou por um motivo muito pequeno, destruir gratuitamente.
Como nos proteger dessa klipá
Não nos deixando seduzir pela Klipá! Sempre que sentirmos motivação para entrar em uma briga e querer destruir nosso próximo a ponto de desejar até sua inexistência, sabemos que ela se despertou em nós.
Imediatamente temos que despertar nosso sistema imunológico espiritual (yetzer hatov) contra ela e tomarmos a decisão de não brigar, não dar palpites destrutivos e não “colocar lenha na fogueira” seja o que não for.
As mulheres de Midian justificaram seu comportamento como causa nobre e espiritual, e até princesas participaram dessa sedução em massa.
Cada uma levou com ela seu deuzinho, o Baal Peor, que foi apresentado como deus politicamente correto que apoiava o prazer e bem estar de seus adoradores e cuja adoração consistia em fazer as “necessidades” sobre ele demonstrando que não existe nada proibido no mundo contanto que isso te dê prazer
A mensagem dessa klipá é: “Se você se sente bem brigando com alguém, brigue!”
Ela apresenta a destruição por meio de brigas e intrigas como causa nobre, politicamente correta e ainda com o apoio divino da idolatria.
Como sabemos que isso é Klipá ? Pelas consequências !
Por mais nobre e politicamente correta que seja a causa, se a consequência dela é a destruição, aí a klipá se encontra.
Então vamos abrir mão da legitimidade da briga olhando mais longe, vendo que se continuarmos uma briga todos sairemos perdedores.
No começo da briga ou da intriga já temos que mentalizar a paisagem da destruição do pós briga, e do tempo necessário para reparar os prejuízos que ela causará e para curar os ferimentos que ela trará.
Vamos abrir mão dos prazeres descontrolados da briga que a klipá nos oferece para não morrer na peste espiritual que é a consequência desse tipo de prazer .
Separação: coisa boa ou coisa ruim?
No primeiro dia da criação do mundo quando D’us criou a luz ele disse “Ki Tov”(Que bom)
No segundo dia D’us criou a separação colocando limites entre os oceanos e as nuvens, uma separação extremamente necessária que sem ela não existiríamos.
Mesmo assim D’us não falou que era bom.
A separação pode ser uma coisa extremamente necessária, mas sendo que é uma separação coisa boa ela não é. Talvez em certos casos ela seja até necessária, mas boa ela não é !
Nosso Beit HaMikdash foi destruído por causa de ódio gratuito e será reconstruído por causa de amor gratuito.
Então chegou a hora, como sempre dizia Rabi Akiva: Amar ao próximo como a si mesmo é uma grande regra da Torá
וְאַהֲבָתָהּ לְרֵעֲךָ כָּמוֹךָ זֶה כְּלָל גָּדוֹל בַּתּוֹרָה
Rabino Gloiber
Sempre correndo
mas sempre rezando por você
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