Sheminí Atzéret

Em 22 de Tishrei começa a festa de Sheminí Atzéret  que é uma festa à parte ao final de Sucót. Nessa festa também fazemos uma reza especial por chuvas para a Terra de Israel.

Em Sheminí Atzéret fazemos o kidush dentro da Sucá mas não falamos mais a Bra’há da Sucá. No dia de Sheminí Atzéret falamos a reza de Yizcor em memória de entes queridos falecidos.

 

Costumes de Sheminí Atzéret

Akafót

Na noite de Sheminí Atzéret, depois da reza da noite que é chamada de Arvít, fazemos sete Akafót (voltas) segurando o Séfer Torá que é o pergaminho onde estão escritos os cinco livros da Torá.

Damos essas voltas em volta da bimá que é a mesa onde lemos o Séfer Torá. Fazemos essas voltas segurando o Séfer Torá com danças e alegria e o principal é trazer as crianças para participarem das Akafót para que elas cresçam sentindo sempre a alegria do judaísmo.

Em Sheminí Atzéret fora de Israel ainda comemos na Sucá, mas já não falamos a Bra’há Lishév Bassucá. Costumamos fazer as Halot de Sheminí Atzéret redondas.

Proibições

Sheminí Atzéret é uma festa da Torá que se encontra na categoria de Yom Tov

Quando o Yom Tov acontece no Shabat, as mesmas proibições de Shabat recaem sobre ele.

Quando o Yom Tov acontece durante a semana, os  trabalhos proibidos de fazermos no Shabat são proibidos de fazermos em Yom Tov fora as seguintes exceções.

Permissões

No Yom Tov é permitido carregar de casa para o domínio público e vice versa tudo o que você precisa usar no Yom Tov.

No Yom Tov é permitido cozinhar e também fazer outras atividades ligadas à preparação dos alimentos.

Podemos cozinhar no Yom Tov usando o fogo de uma chama acesa na véspera de Yom Tov ou passando a chama desse fogo aceso na véspera de Yom Tov para o fogão por meio de um palito grande, mas não podemos apagar fogo no Yom Tov.

Por isso não podemos apagar o palito que usamos para passar o fogo da vela para o fogão e nem abaixar o fogo.

O lado Sobrenatural de Sheminí Atzéret       

Sucót é uma festa de sete dias e que Sheminí Atzéret é chamada pela Torá de o “oitavo dia”

No judaísmo, o número sete representa um ciclo natural. D’us criou o mundo em sete dias, cada um correspondendo a uma das sete Sefirot emocionais, e é por isso que uma semana que é um ciclo básico e fixo de tempo é composta de sete dias.

Muitos dos mandamentos do judaísmo são associados com o número sete: o Shabat, o ano sabático, as Sheva Bra’hót que são os sete dias que temos que alegrar o noivo e a noiva após o casamento, e etc.

O número oito representa o sobrenatural.

O Brit Milá acontece no oitavo dia do nascimento de um menino porque simboliza a conexão sobrenatural entre nós e D’us.

Hanuká, por exemplo, é celebrado durante oito dias por causa do milagre sobrenatural do azeite. A festa de Hanuká é uma festa Derabanan, ou seja, instituída pelos nossos sábios por causa do milagre de oito dias que aconteceu na época do segundo Beit a Mikdash

Sheminí Atzéret é uma festa Deoráita, uma festa da própria Torá, e ela é a única festa da Torá associada ao número oito.

Pela Torá, a festa de Pessa’h é uma festa de sete dias, e o oitavo dia de Pessa’h que acontece fora da nossa “Terra Santa” é uma Mitzvá Derabanan baseada no direito que a Torá deu aos nossos Sábios de que tudo o que eles vão decretar no Beit a Mikdash não vamos nos desviar nem para a direita e nem para a esquerda.

Sheminí Atzéret  nos ensina, assim como o Brit Milá, que a nossa conexão com D’us é sobrenatural, está acima de todas as limitações.

O tema principal de Sheminí Atzéret é a alegria que representa nossa conexão íntima e sobrenatural com D’us, sendo que sobre D’us está escrito:  עֹז וְחֶדְוָה בִּמְקֹמוֹ.

Que quer dizer “Força e alegria em seu lugar”. Ou seja, não existe tristeza lá em cima mas tudo lá em cima é força e alegria.

A alegria rompe todas as fronteiras, nos dá a capacidade de transcender todas as barreiras e obstáculos do mundo natural e atingir objetivos sublimes tanto no âmbito material quanto no âmbito espiritual.

O quarto Rebe de Lubavitch, Rabi Shmuel Schneerson  nos ensinou: “O mundo diz: ‘Se você não puder passar por baixo de um obstáculo, pule por cima dele. Mas eu digo: “Em primeiro lugar já pule por cima dele”!

Esse conceito de pular por cima dos obstáculos é o que Sheminí Atzéret nos ensina: que por força de nossa Alma e nossa conexão com D’us, temos o poder de transcender o mundo natural e todos os seus limites e limitações.

A vida nesse mundo é uma corrida de obstáculos, e quando fazemos nosso Trabalho Divino com alegria, ou seja, quando servimos a D’us com alegria, conseguimos pular todos os obstáculos.

O número oito no judaísmo, além de representar o milagroso, também simboliza a perfeição.

Outra razão para o Brit Milá se realizar no oitavo dia é porque um dos vários motivos da circuncisão é “completar” o potencial de perfeição no ser humano.

Um dos significados da palavra “Atzéret” é “reter”.  Reter algo para levá-lo ao seu estado de inteireza ou perfeição.

Assim sendo, o nome Sheminí Atzéret significa o oitavo dia, que é o dia adicional que leva o sétimo dia de Sucót a seu estado de perfeição.

E essa é mais uma razão para representar o clímax da nossa alegria em Sheminí Atzéret que é maior do que a nossa alegria em Sucot, porque representa um estado de perfeição da alegria.

A Mitzvá de Sheminí Atzéret

Está escrito: בַּיּוֹם֙ הַשְּׁמִינִ֔י עֲצֶ֖רֶת תִּהְיֶ֣ה לָכֶ֑ם כׇּל־מְלֶ֥אכֶת עֲבֹדָ֖ה לֹ֥א תַעֲשֽׂוּ

Nessa ocasião D’us nos promete que vamos nos alegrar juntos”.

O Rei Shlomó (Salomão) explicou: ‘ Em Você nos alegraremos…’ (Cântico dos Cânticos, 1:4):   ‘Em Você’ quer dizer: na Sua Torá,  nas Suas salvações”. (Pessikta de R. Kahana, seção 30)

Sheminí Atzéret, diferentemente de outras festas do calendário judaico, não possui um ritual especial a não ser um: Sim’há, uma alegria extraordinária.

O mandamento da Sim’há desse dia é ordenado na própria Torá, no versículo: “E você vai ser somente alegre” (Re’ê16:15).

Nossos Sábios nos ensinaram que esse versículo não é apenas um Mandamento, mas também uma promessa Divina: “Se vocês cumprirem o mandamento de Sim’há (estar alegre em Sheminí Atzéret), vocês têm a garantia (Divina) de que estarão alegres para sempre”.

Contam sobre Rabi Yonatan Eybeschutz

que era um grande Tzadik (uma pessoa altamente elevada), que quando ele era criança pediu para o seu pai uma maçã e o painão concordou em dar aquela maçã para ele.

Então o pequeno Yonatan falou a Bra’há que precisamos falar antes de comer uma fruta, e o pai, não querendo que o filho fosse culpado por ter dito uma Bra’há com o nome de D’us em vão, não teve escolha a não será de dar prontamente a maçã ao filho…

E essa é a mensagem de Sheminí Atzéret:

Se nessa data festiva nós nos alegrarmos como nos ordena a Torá, com fé absoluta de que D’us dará para todos nós um ano bom e doce, esta alegria por si só já obriga nosso Pai Celestial a atender os desejos fervorosos de Seus filhos, não permitindo que nossos desejos e o cumprimento do mandamento de sermos felizes, tenham sido em vão.

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Sheminí Atzéret e a Gueulá

Outro significado do termo Atzéret é “final, encerramento”, já que Sheminí Atzéret é a conclusão das festas da Torá que se iniciam com a saída do Egito em Pessa’h.

Rabi Abraham Sabá que foi um grande cabalista refugiado da inquisição portuguesa depois de ter passado por grandes torturas, escreveu que o número oito de Sheminí Atzéret (“o oitavo dia”) se refere às oito impérios que oprimiram o nosso povo durante toda a nossa história e o “oitavo dia” indica o fim de todos esses opressores

Está escrito, ‘No Oitavo Dia será Atzéret para vocês’, nos ensinando que esse é o dia de nossa Gueulá, o dia de nossa redenção final e salvação de nossas Almas” (Tzror Hamor, Pinchas 29:35).

As Festas da Torá celebram eventos do passado do nosso povo:

Pessa’h celebra nossa libertação da escravidão no Egito. Shavuot, a entrega da Torá e Sucot, os 40 anos em que o nosso povo vagou pelo deserto sob a proteção das nuvens do Todo Poderoso.

Sheminí Atzéret, por outro lado, celebra um evento futuro, o mais esperado de toda a história humana.

Shemini Atzéret é a mais alegre das festas da Torá porque ela celebra o que vai acontecer, a chegada do Yom Shekulo Tov, a época inteiramente boa que durará por toda a eternidade.

A Gueulá verdadeira e completa em breve em nossos dias Amén

Não se esqueçam de acender as velas de Yom Tov dezoito minutos antes do pôr do Sol. Junto com as velas de Yom Tov acrescentamos uma vela de sete dias para a partir dela passarmos o fogo para as velas de Sim’hat Torá amanhã depois da saída das estrelas.

Pelo menos a vela de sete dias você tem que acender hoje antes do pôr do Sol e as velas de Yom Tov de hoje você pode acender de noite passando o fogo da vela de sete dias para as velas de Yom Tov

Hag Samea’h

Rabino Gloiber

Sempre correndo

Mas sempre rezando por você

www.RabinoGloiber.org

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