Aviso importante sobre a transliteração das palavras em hebraico
Os Rabinos portugueses de centenas de anos atrás usaram a letra “H” para a transliteração da letra “ח” em Hebraico que equivale a dois erres “rr” em português
Na transliteração do hebraico nessa página vamos usar a letra “h” com um apóstrofo ( ‘ ) como dois erres (rr) assim ‘h
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חַג הַסֻּכּוֹת A festa de Sucót
Yom Tov
As festas judaicas descritas na Torá são chamadas de Yom Tov e sendo que a festa de Sucót é uma festa da Torá ela é um Yom Tov.
O Yom Tov sempre começa ao pôr do sol, que é quando o “dia” judaico, e termina com a saída das estrelas do outro dia, que é quando o dia judaico termina.
Em Sukot, o primeiro e o último dia são Yom Tov em Israel, fora de Israel acrescentamos mais um dia de Yom Tov no começo e no final da festa.
Os últimos dias de Sukot são chamados de Sheminí Atzeret e Sim’hat Torá e são dois dias de Yom Tov que acontecem no final da festa de Sukot mas que já não fazem parte da festa de Sukot, e por isso nesses últimos dias de Yom Tov já não comemos na Suká e nem fazemos a bênção sobre os Arbaat a Minim
As proibições de trabalho no Yom Tov são iguais às proibições de trabalho no Shabat com exceção de três categorias de trabalho que são proibidos no Shabat mas são permitidos no Yom Tov
O que é permitido e o que é proibido fazer em Yom Tov
No Yom Tov é permitido transportar objetos que não são “Muktze” do recinto privado para o recinto público e vice versa, e também podemos carregar em via públicas
É permitido cozinhar para as refeições daquele dia especificamente
Portanto, é permitido passar o fogo, a partir de uma uma chama pré-existente, como a de uma vela de um, dois ou sete dias, por exemplo.
É permitido passar o fogo da chama pré existente por meio de um espetinho de madeira para acender as velas de Yom Tov, mas é proibido apagar esse espetinho depois.
Ou seja, acender fogo no Yom Tov é proibido, apagar fogo no Yom Tov é proibido, mas passar o fogo de uma vela para a outra ou para o fogão a gás para cozinhar a comida do Yom Tov é permitido
Aumentar o fogo é permitido mas abaixar o fogo é considerado apagar o fogo parcialmente o que também é proibido pela Torá
Hol a Moed
Os dias do “hol a moed” Sucot são os dias comuns dentro da festa, ou seja, os dias da festa que não são Yom Tov e mesmo assim continuam sendo dias muito especiais.
Por um lado, eles fazem parte da festa, por outro, não há proibição de se fazer “mela’há” (trabalho) durante esses dias.
No Hol a Moed não colocamos os Tefilin.
É uma Mitzvá da Torá se alegrar durante os dias do Hol a Moed, e cumprimos isso fazendo pelo menos duas refeições festivas na Sucá em cada um dos dias de Hol a Moed, uma de manhã e uma de noite.
Nessas refeições comemos pão e são bebemos vinho, pelo menos um “reviit” de vinho que são 86 ml.
Nos dias de Hol a Moed é uma Mitzvá vestir roupas mais bonitas, como as que costumamos vestir no Shabat, ou pelo menos fazer uma distinção entre as roupas que vestimos no dia a dia e as que vestimos no Hol a Moed.
Nossos Sábios permitiram trabalhar em Hol a Moed somente em cinco casos:
Quando alguém não vai ter o que comer se não trabalhar no Hol a Moed.
Quando alguém vai ter um grande prejuízo se não trabalhar no Hol a Moed.
Para prepararmos as refeições da festa.
Para a preparação de alguma coisa que vamos precisar para a festa mesmo que não é comida.
Para preparar alguma coisa que é necessidade do público.
As Mitzvót (os Mandamentos) da festa de Sucot são a obrigação de fazermos todas as nossas refeições na Sucá e também a de fazermos a Bra’há (a Benção) sobre os “Arbaat a Minim” que são quatro espécies de plantas diferentes.
Uma Sucá é uma cabana temporária com um telhado de vegetação chamado de “Se’ha’h”.
Durante quarenta anos, nosso povo atravessou o deserto do Sinai antes de entrarmos na Terra Prometida.
Miraculosas “nuvens de honra” pairavam sobre o nosso povo e nos envolviam como uma grande cabana nos protegendo dos perigos e da temperatura do deserto.
A Mitzvá (Mandamento Divino) da Sucá vem nos lembrar da bondade de D’us e também vem renovar a nossa confiança na Divina Providência
Vamos “morar” na Sucá durante a Festa de Sucot que começa no dia 15 do mês judaico de Tishrei e se estende por oito dias até o dia 22 de Tishrei.
Nesses oito dias fazemos todas as nossas refeições na Sucá que é uma Mitzvá envolvente
Ou seja, nosso corpo inteiro está dentro da Mitzvá da Sucá, dentro da “Luz Envolvente de D’us”.
Fazendo a sua própria Sucá
Uma sucá é essencialmente uma cabana ao ar livre coberta com vegetação.
Para que a sua Sucá esteja dentro dos padrões da Torá, a primeira coisa que você precisa fazer é selecionar o local adequado para a sua Sucá, que tem que estar diretamente embaixo do Céu sem que nenhuma árvore ou qualquer outra coisa esteja interrompendo entre a Sucá e o Céu.
As paredes da Sucá
As paredes da Sucá podem ser feitas de qualquer material, desde que sejam firmes o suficiente para não se moverem com um vento normal.
Você pode usar madeira, compensado ou painéis de fibra de vidro, tecidos à prova d’água presos a uma estrutura de metal, etc.
Você também pode usar paredes pré-existentes como as paredes externas de sua casa ou garagem contanto que esse espaço esteja diretamente embaixo do Céu sem nada em cima dele.
O “Telhado” da Sucá”
Somente depois de fazermos as paredes da Sucá, vamos cobrir ela com vegetação.
Se você fizer o “telhado” dela antes de fazer as paredes ela não é considerada uma Sucá de acordo com os padrões da Torá.
A Sucá precisa ser coberta com “Se’ha’h” que é qualquer matéria vegetal sem acabamento, como por exemplo o bambu, galhos de árvores ou ripas de madeira estreitas (1X1 ou 1X2) e sem acabamento.
Você precisa também de algumas ripas de madeira sem acabamento para construir a estrutura sobre a qual colocar o Se’ha’h.
Essa cobertura vegetal pode ser feita de bambus, folhagem ou ripas, mas não se esqueça que elas só devem ser colocadas depois que as paredes estiverem prontas, caso contrário essa Sucá não será válida para cumprirmos o Mandamento da Sucá
Iluminação (Opcional)
Se você quiser instalar um sistema de iluminação na sua Sucá , compre uma lâmpada com proteção contra chuva e uma extensão que chegue até uma tomada.
Cadeiras e Mesa
Sendo que durante a festa de Sucót os homens têm que comer dentro da Sucá, se faltar espaço dentro da Sucá, as mulheres podem comer fora dela e os homens dentro.
Decorações
É opcional. Muitas comunidades decoram a Sucá com temas da festa desenhados pelas próprias crianças da família.
Nosso costume Lubavitch é não decorar a Sucá, porque a própria Sucá é uma Mitzvá, e por ser uma Mitzvá ela já é uma beleza.
Requisitos Básicos para a sua Sucá ser “Kasher”
A Sucá deve ser feita especialmente para ser uma Mitzvá
A cobertura da Sucá deve ser feita novamente a cada ano para o propósito da Mitzvá.
Deixando claro que esta exigência se aplica somente ao telhado da Sucá que é chamado Se’ha’h, porque é o Se’ha’h que faz da Sucá uma Sucá.
Podemos deixar as paredes de pé durante o ano inteiro, mas o Se’ha’h só pode ser colocado menos de trinta dias antes da festa.
Se a Sucá ficou construída o ano inteiro, quando chega menos de trinta dias antes da festa de Sucot você tira o Se’ha’h e coloca ele de volta, substitui ele por ele próprio, e assim ela se torna uma Sucá feita para a Mitzvá.
Ordem da Construção
Primeiro construímos as paredes e somente depois disso colocamos a cobertura que como vimos anteriormente é chamada de Se’ha’h.
Se o Se’ha’h é colocado antes de as paredes estarem lá, a Sucá é inválida, até que o Se’ha’h seja removido e recolocado
Uma sucá deve ter pelo menos duas paredes completas e mais parte de uma terceira parede. Essa “terceira parte” precisa ter um mínimo de 8 centímetros de largura.
Mas é melhor que a sucá tenha quatro paredes completas, mesmo que a quarta parede só tenha oito centímetros de largura.
De que são feitas as Paredes
As paredes da Sucá podem ser feitas de qualquer material, mas devem ser firmes o suficiente para que não se movam com um vento normal.
Podemos usar paredes pré-existentes, como por exemplo as paredes da garagem da casa, contanto que o espaço da Sucá esteja diretamente embaixo do Céu sem nada interrompendo entre a Sucá e o Céu
Uma estrutura já existente que não tenha telhado ou que tenha um teto removível pode também ser transformada em Sucá, cobrindo ela com o Se’ha’h.
Tamanho e Dimensões
As paredes devem ter pelo menos 80 centímetros de altura, e a estrutura inteira, a distância do telhado a partir do chão, não pode ser mais alta do que 9 metros.
Em comprimento e largura, uma sucá não pode ser menor de 50 centímetros por 50 centímetros que é a largura suficiente para abrigar a cabeça e dorso de uma pessoa, e uma pequena mesa.
Não há limite na largura de uma sucá.
Vãos nas Paredes
Se houver um vão entre a base das paredes e o chão, a base das paredes deve ter menos de 25 centímetros do solo.
Se as paredes tiverem pelo menos 80 centímetros de altura, o Se’ha’h pode chegar até a altura máxima de 9 metros acima do chão, desde que as paredes estejam abaixo dele.
Uma cerca feita de estacas na vertical ou horizontal pode ser usada como parede da Sucá contanto que os espaços entre as estacas sejam menores de 25 centímetros.
A construção do Se’ha’h (Cobertura)
O que pode ser usado como Se’ha’h?
A Sucá deve ser coberta com Se’ha’h, um telhado de matéria vegetal sem acabamento, como por exemplo bambus ou tiras estreitas (2 cm X 2 cm) de madeira sem acabamento.
Ramos que ainda fazem parte de uma árvore, ou seja, ainda não foram cortados dela, não podem servir como cobertura para uma Sucá. Por isso o Se’ha’h deve ser obrigatoriamente cortado da fonte de crescimento, ou seja, da árvore ou do solo.
Quanto Se’ha’h é necessário para cobrir a Sucá?
Precisamos ter Se’ha’h o suficiente para proporcionar uma sombra, de modo que ao meio-dia deve haver mais sombra do que sol refletido no piso da sucá.
O Se’ha’h deve ser espalhado uniformemente sobre toda a sucá, para que não hajam espaços livres maiores de 25 centímetros.
Apoio do Se’ha’h
Tudo que estiver apoiando diretamente o Se’ha’h não deve ser feito de materiais que não sejam adequados para serem usados como Se’ha’h.
Se o Se’ha’h estiver apoiado diretamente sobre as paredes da Sucá e as paredes não forem feitas de madeira, devemos colocar tiras de madeira entre as paredes da Sucá e o Se’ha’h.
Em Sucot maiores onde é preciso haver uma estrutura de vigas é necessário apoiar o Se’ha’h, usando-se varas de madeira ou bambu, não metal.
O Se’ha’h também não pode ser amarrado com arame ou preso com qualquer objeto de metal.
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Refeições na Sucá
Precisamos comer pelo menos um kazait (cerca de 30 gramas) de pão na primeira noite da Festa na sucá, entre o anoitecer e a meia-noite.
Preparamos uma refeição e convidamos nossa família e amigos para que eles também possam participar desta Mitzvá tão especial.
Antes de comer pão, bolo ou biscoitos na sucá, depois de fazermos a Bra’há “a Motzí” ou “Mezonot” vamos fazer a Bra’há da Sucá que é:
“Baru’h Atá Ado-nai Elo-einu Mele’h a Olam Asher Kidshanu Bemitzvotaiv Vetzivanu Lishev Ba Sucá”:
Quando falamos essa Bra’há damos uma olhadinha para o Se’ha’h da Sucá
Na primeira e na segunda noite de Sucót, a pessoa que fala o “Kidush” fala também a Bênção sobre a Sucá no final do Kidush.
As outras pessoas falam a Bra’há da Sucá depois de falarem a Bra’há sobre a Halá (o pão).
Todas as refeições que têm como alimento principal pão, bolo ou biscoitos durante os sete dias da festa de Sucot devem ser feitas na Sucá.
Durante a festa de Sucot muitas pessoas têm o costume de comer qualquer alimento ou bebida somente na Sucá.
Durante toda a Festa de Sucot, a Bra’há da Sucá é dita sempre que fizermos uma refeição que inclua pão, bolo ou outro alimento à base de trigo, aveia, cevada centeio ou espelta na Sucá.
Esses cereais são aqueles que quando é feito deles um pão a Bra’há é a Motzí e quando é feito deles um bolo ou biscoitos a Bra’há é Mezonot
É costume na maioria das comunidades também comer na Sucá em Shemini Atzéret que é o “oitavo dia” que se segue ao sétimo dia de Sucot – mas sem falar a bênção especial da Sucá.
Segundo o Zohar, a Sucá nos trás uma energia espiritual tão intensa, que, durante os sete dias da festa, os “Sete líderes de Israel” – Avraham, Yitzhak, Yaacov, Moshê, Aaron, Yossef e o rei David – deixam o Gan Éden para visitar a nossa Sucá.
Estes “convidados de honra” são conhecidos como Ushpitzin que em aramaico quer dizer “convidados”.
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Arbaat a Minim
Na festa de Sucot também temos a Mitzvá dos Arbaat a Minim
Esse Mandamento Divino consiste em pegarmos quatro espécies específicas de plantas e fazermos uma Bra’há, uma Benção, segurando juntos esses quatro tipos de plantas que são:
Um “Etrog”, que é um dos tipos da fruta chamada de citrus medica que é o avô genético do nosso limão siciliano
Um “Lulav”, que é um galho de tamareira que ainda não se abriu
Três “Adassim” que são ramos de um tipo de mirta.
Dois “Aravot” que são ramos de um tipo de salgueiro.
A Brahá dos Arbaat a Minim é feita diariamente uma vez por dia durante os sete dias de Sucot com exceção do Shabat.
Nossos Sábios nos contam que por meio dessa Mitzvá trazemos grandes bençãos para esse mundo.
Para fazermos essa Mitzvá, primeiro seguramos em uma mão o Lulav amarrado com os três Adassim e os dois Aravot, e na outra mão seguramos o Etrog.
Depois unimos essas quatro espécies de plantas juntas e falamos a Bra’há.
Só podemos usar folhas destacadas do lulav para amarrarmos o Lulav com os três Adassim e os dois Aravot, e muitas comunidades judaicas costumam fazer uma cestinha estreita de folha de Lulav seca para unir por meio dela o Lulav com os Adassim e os Aravot.
Fazemos a Bra’há direcionados para o oriente, e depois de fazermos a Bra’há direcionamos os Arbaat a Minim três vezes para cada lado para as seis direções incluindo para cima e também para baixo, mas tendo o cuidado de manter eles em pé e não virando eles de cabeça para baixo quando direcionamos eles três vezes para baixo. Também direcionamos eles três vezes para trás mantendo-os em pé.
Ou seja:
Ficamos em pé direcionados para o lado oriental que é o lado Leste, e estendemos os Arbaat a Minim.:
1- Três vezes para o nosso lado direito que é o lado Sul.
2- Três vezes para o nosso lado esquerdo que é o lado Norte.
3- Três vezes para frente que é o lado Leste.
4- Três vezes para cima.
5- Três vezes para baixo, mas cuidando para que a cabeça dos Arbaat HaMinim continuem o tempo todo viradas para cima e não viradas de cabeça para baixo
6- Três vezes para trás que é o lado Oeste, nesse caso também cuidando para que a cabeça dos Arbaat HaMinim continuem o tempo todo viradas para cima.
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Arbaat a Minim, quatro tipos de judeus
O Midrash Vaikrá Rabá nos conta que os Arbaat a Minim indicam quatro tipos diferentes de judeus.
O Lulav que é a folha longa e fechada da tamareira representa os judeus que dedicam a vida unicamente ao estudo da Torá.
Como passam a maior parte de seu tempo mergulhados em seus estudos, eles não têm tempo, energia ou recursos para praticar muitos atos de bondade.
O Adás que é o ramo de um tipo de murta representa o contrário do Lulav.
Ele simboliza os judeus que são tão ocupados realizando atos de bondade que não têm tempo de estudar muita Torá.
O Etrog, que é a fruta de um tipo de citrus medica, representa os judeus que estudam a Torá e realizam atos de bondade.
Mas por estarem ocupados com as duas coisas ao mesmo tempo, o estudo de Torá deles não chega ao nível daqueles que são representados pelo Lulav, e os atos de bondade deles não chega ao nível daqueles que são representados pelo Adás.
O Aravá, que é o ramo de um tipo de salgueiro, representa os judeus que nem estudam Torá e nem se dedicam muito a realizar atos de bondade.
Em cada um dos dias da festa de Sucot – exceto no Shabat – cumprimos a Mitzvá dos Arbaat a Minim, formado por um Lulav, um Etrog, três Adassim e duas Aravot.
Na falta de uma delas, mesmo que seja a Aravá, estamos impossibilitados de cumprir esta Mitzvá.
Antes de fazer a Mitzvá dos Arbaat a Minim falamos uma bênção, a Bra’há da Mitzvá, que nesse caso termina com a frase Al Netilat Lulav que quer dizer pegar (e levantar) o Lulav
Por que essa Bra’há não termina com as palavras Al Netilát Arbaat a Minim ?
E se, por alguma razão, a Bra’há tivesse que mencionar apenas uma dessas espécies de plantas, qual a razão para ser escolhido o Lulav?
Uma razão dada pela Guemará é que o ‘Lulav’ é o mais alto dessas quatro espécies de plantas (Talmud Bavli, Sucá 37b).
O Midrash indica que o Etrog é a espécie preferida entre as quatro pelo fato de se referir a judeus que tanto estudam a Torá quanto fazem atos de bondade.
O Etrog reúne as virtudes do Lulav e também as do Adás.
O Etrog é o único dos Arbaat HaMinim que inclui os aspectos de todos os outros.
Sendo assim, por que a bênção das Arbaat a Minim termina com as palavras “Al Netilat Lulav”, em vez de “Al Netilat Arbaat a Minim”, ou “Al Netilat Etrog”?
A Superioridade do Estudo da Torá em relação ao cumprimento das Mitzvot
Para responder porquê o Lulav é a única espécie mencionada na bênção das Arbaat a Minim, primeiro é preciso entender que o Judaísmo possui duas categorias principais:
1- O estudo da Torá
2- o cumprimento das Mitzvot, dos Mandamentos Divinos.
Mesmo que o estudo da Torá seja um de nossos Mandamentos e também o mais importante dos Mandamentos do Judaísmo, há diferenças significativas entre o estudo da Torá e o cumprimento das Mitzvót.
O estudo da Torá é primordial para o Judaísmo, porque apenas se estudarmos suas leis poderemos cumpri-las.
Mas esta não é a única razão para estudarmos nossos livros sagrados. Grande parte do que se estuda na Torá não tem como ser praticado.
Por exemplo, vários tratados do Talmud discutem em grande detalhe os serviços realizados no Templo Sagrado de Jerusalém.
E nós seguimos estudando esses tratados, apesar de que o Templo não existe há quase dois mil anos.
Se o único motivo do estudo da Torá fosse aprender a cumprir seus Mandamentos, o estudo da Torá estaria limitado somente aos livros da Lei Judaica, e unicamente aos assuntos relevantes à época em que vivemos.
A principal razão para estudarmos Torá é para podermos nos conectar com Aquele que nos deu a Torá.
O estudo da Torá, principalmente da Torá oculta, que na nossa geração é representada pela Hassidut, nos conecta com D’us pelo fato de que a Torá constitui a Sabedoria e Vontade Divinas.
Como D’us é indivisível, Ele e Sua Sabedoria são unificados. Por isso quando estudamos a Torá que é a Sabedoria Divina nos unimos ao Divino.
Como nos ensinou o Rabi Shneur Zalman de Liadi, o Ba’al a Tanya, o autor do livro sagrado Tanya, sempre que estudamos Torá, acontece uma fusão entre nós e D’us.
O estudo da Torá é a ponte que nos leva a D’us. Nada neste mundo pode nos levar ainda mais próximos à D’us do que o estudo da Torá nos leva.
Nenhum outro Mandamento Divino tem o mesmo efeito. Mesmo que cada Mitzvá constitui uma conexão entre o homem e D’us, o estudo da Torá se coloca acima de qualquer outro mandamento que leve o ser humano a um nível mais próximo de D’us.
Outra maneira na qual o estudo da Torá é superior ao cumprimento dos Mandamentos é o fato de o conhecimento ser permanente enquanto as ações serem transitórias.
Quando aprendemos algo, levamos esse conhecimento conosco para o resto de nossa vida, guardado em algum canto de nossa memória.
Mesmo se o esquecermos, um dia poderemos recuperá-lo, ou, no mínimo, será mais fácil aprendermos pela segunda vez pelo fato de elenão ter saído do nosso subconsciente.
Por outro lado, nossas ações, mesmo se tiverem efeito duradouro em nós ou nos outros, não se tornam parte de quem somos.
A palavra Mitzvá vem do hebraico “Tzivui” que quer dizer uma ordem, um Mandamento.
Mas também tem relação com a palavra em aramaico, “Tzavta”, que significa “conectar” ou “unir”.
Uma Mitzvá une a pessoa ao Ser Supremo, D’us, criando um relacionamento e vínculo especial entre eles.
No entanto, a conexão apenas existe enquanto a Mitzvá está sendo realizada.
Por exemplo, um dos mandamentos centrais no Judaísmo é a Mitzvá de se colocar Tefilin.
Quando colocamos os Tefilin, nos conectamos com D’us. Mas quando os retiramos, mesmo que o mérito de termos cumprido esse mandamento é eterno, o mérito continua mas a conexão se interrompe.
Os Tefilin nos unem a D’us, mas não se tornam parte intrínseca de nós, como o conhecimento sobre a Torá.
Como explicam nossos Sábios, o estudo da Torá se compara aos alimentos e bebidas que são assimilados pelo nosso corpo e se tornam parte de nós.
O cumprimento das Mitzvót se comparam aos perfumes agradáveis, que por mais agradáveis que sejam não se tornam parte de nós.
Isso não significa que o estudo da Torá possa substituir o cumprimento das Mitzvót, dos Mandamentos Divinos. Um não exclui o outro.
O estudo de Sua Torá nos ordena cumprir Suas Mitzvót, seria um absurdo estudarmos Torá e não cumprirmos as Mitzvót.
A Torá não é apenas a Sabedoria Divina, mas também a Sua Vontade.
O estudo da Torá deve levar a pessoa mais perto de D’us. Isso significa não apenas uma fusão entre a sabedoria humana e a Sabedoria Divina, mas também uma sujeição da vontade humana à Vontade Divina.
Sendo assim, não temos como interpretar o Lulav como representando um judeu que estuda a Torá mas não cumpre seus Mandamentos.
O que o Midrash subentende ao dizer que o Lulav representa os judeus que têm Torá, mas não as Mitzvót?
O que representam o Lulav e o Adás
Qual a razão para que o Midrash associe o Lulav a judeus que estudam muito a Torá, o Adás àqueles que cumprem muitas Mitzvót, o Etrog as pessoas que estudam a Torá e cumprem muitas Mitzvót, e a Aravá a judeus que não fazem nenhum dos dois?
O Midrash nos conta que o Lulav está associado ao sabor, porque ele é a folhagem da tamareira, mas não tem cheiro.
O Adás tem um cheiro agradável, mas não tem sabor, por ser uma planta que não dá frutos.
Como vimos acima, nossos Sábios comparam o conhecimento da Torá ao alimento e os Mandamentos a bons cheiros.
Assim sendo, eles associam o Lulav ao estudo da Torá e o Adás ao cumprimento das Mitzvót.
O Etrog tem sabor e cheiro, portanto representa os judeus que estudam a Torá e cumprem suas Mitzvót.
E a Aravá que não tem nem sabor nem cheiro, simboliza os judeus despidos do conhecimento da Torá e que também não cumprem Mitzvót.
Quando o Midrash menciona que o Lulav representa o judeu que é rico em conhecimentos sobre a Torá, mas despido de Mitzvót, não está se referindo aos Mandamentos que todo judeu deve cumprir.
Aquele que estuda muito a Torá sem cumprir seus Mandamentos, não é um estudioso da Torá, mas um hipócrita.
Portanto, ao falar sobre os Arbaat a Minim, o Midrash usa a palavra Mitzvót de modo figurado para se referir a boas ações.
E, de fato, quando o Talmud Yerushalmi (o Talmud de Jerusalém) usa o termo Mitzvá sem determinar um mandamento específico, ele está se referindo a Tzedaká.
A definição de Mitzvót como sendo boas ações esclarece o ensinamento do Midrash sobre os tipos de judeus representados pelo Lulav e pelo Adás.
O Lulav simboliza o estudioso de Torá que passa a maior parte de seu tempo imerso em seus estudos.
Ele obviamente coloca os Tefilin, reza três vezes por dia e cumpre os Mandamentos Divinos.
Mas dedica seu tempo, sua energia e sua capacidade ao estudo da Torá.
Os judeus simbolizados pelo Lulav passam seus dias nas Yeshivot e nas Sinagogas.
São alunos e professores, não líderes, ativistas, filantropos ou pessoas que passam o dia realizando boas ações, como alimentar os pobres ou visitar doentes.
Têm uma única ocupação e missão em sua vida, estudar e divulgar o conhecimento da Torá.
O Adás fica no espectro oposto do Lulav e representa os judeus que cumprem muitas Mitzvót, ou seja, fazem muitas boas ações, mas dedicam pouco tempo ao estudo da Torá.
Em claro contraste com os judeus representados pelo Lulav, os representados pelo Adás estão muito ocupados ajudando outros seres humanos e não têm muito tempo para dedicar ao estudo da Torá.
Por exemplo, a maioria dos filantropos estão sempre extremamente ocupados – empenhados em ganhar dinheiro para doá-lo à causas nobres e não dispõem de tempo ou energia para passar horas a fio estudando a Torá.
Pode-se dizer que seria um erro grave tentar fazer com que um judeu que é um Adás se transformasse em um Lulav.
A pessoa não tem o direito de deixar seu trabalho e devotar sua vida ao estudo da Torá se a vida de outras pessoas depende dela.
Lulav e Adás representam dois tipos de judeus que têm missões diferentes, talvez mesmo contrárias na vida.
O que um possui falta ao outro. Mas se o Etrog representa o melhor dos dois mundos, o estudo da Torá e as Mitzvót, por que razão a bênção das Quatro Espécies menciona o Lulav, e não o Etrog?
O Etrog
Os judeus simbolizados pelo Etrog são aqueles que estudam a Torá e têm uma profissão que contribui para a sociedade.
São os profissionais, que equilibram sua vida religiosa com a profissional.
O Etrog simboliza as pessoas que têm uma vida harmoniosa, assim demonstrando que é possível ser um judeu que estuda a Torá, observa as Mitzvót e contribui para a sociedade.
Lulav e Adás representam os dois extremos do espectro. Um possui o que falta ao outro. Já ao Etrog, de forma oposta, não falta nada.
No entanto, sua força também é sua fraqueza. O fato de que os judeus simbolizados pelo Etrog têm uma vida equilibrada – estudam a Torá, contribuem à sociedade com seu trabalho e realizam atos de bondade, indica que não conseguem dedicar-se inteiramente ao estudo da Torá e ao cumprimento das Mitzvót.
O judeu que é um Etrog não estuda tanto a Torá como o que é um Lulav, nem se dedica integralmente a ajudar os demais, como faz o Adás.
O Etrog é um indivíduo harmonioso que não domina a Torá. Nem Líder ou ativista que trabalha dia e noite em prol de alguma causa nobre
Por que razão o Lulav é a espécie superior?
Podemos, agora, entender por que razão a bênção das quatro espécies de plantas menciona apenas o Lulav.
Se concluísse com as palavras “Al Netilat Arbaat a Minim” estaria indicando que não há diferença entre essas quatro espécies, e isso seria errado porque as diferenças existem e são grandes.
É Importante ressaltar que não se pode cumprir a Mitzvá das Arbaat a Minim se alguma das quatro espécies estiver faltando.
Pode-se ter o Etrog mais lindo do mundo, mas mesmo se estiver faltando a simples Aravá, a de menor importância dentre as espécies, a pessoa não pode cumprir o mandamento dos Arbaat a Minim.
A exigência de que nenhuma das quatro espécies pode estar faltando nos ensina que o nosso povo não está completo se um único judeu estiver alienado ou ausente.
Mas mesmo que cada uma das quatro espécies tenha um papel imprescindível no mandamento, elas não têm igual importância.
O Lulav, aqueles judeus representados por esta espécie têm um papel central, e é por esta razão que a bênção termina com as palavras al netilat Lulav.
O Lulav tem um papel central entre as outras três espécies porque, quando não se estuda a Torá, o Judaísmo não é Judaísmo, mas sim Humanismo.
É errado acreditar que ser judeu significa, apenas, ser um bom ser humano, porque para isso não é necessário ser judeu, o mundo está cheio de boas pessoas e tanto as nações quanto as pessoas mais ricas e poderosas do mundo não são judias.
Um judeu que pratica muitas boas ações mas não estuda a Torá nem cumpre seus mandamentos pode ser um excelente ser humano, mas não é um excelente judeu.
Se o propósito Divino de nos dar a Torá fosse apenas fazer dos judeus pessoas ótimas, praticantes da bondade, D’us não nos teria dado tantas leis que não têm nada a ver com as relações interpessoais.
Se cada um de nós, judeus, fôssemos um Adás, se o nosso povo apenas praticasse a bondade, mas não estudasse a Torá, não levaria muito tempo para deixarmos de existir.
Uma das razões para a bênção dos Arbaat a Minim mencionar o Lulav e não o Etrog é que a infinita profundidade da Torá, sua abrangência e complexidade requerem que as melhores cabeças judias a estudem e a transmitam continuamente.
O judeu que é um Etrog, que divide seu tempo de modo a estudar a porção semanal da Torá ou uma página ou duas do Talmud, diariamente, não adquirirá conhecimento suficiente para dominar, esclarecer e disseminar a Torá entre nosso povo.
O estudo de algumas horas de Torá por dia não faz desse judeu um legislador. Assim como um ótimo atleta, ganhador de medalhas olímpicas, necessita treinar todos os dias, incessantemente, também um mestre em Torá precisa estudar o tempo todo e dedicar-se inteiramente a isso. Necessita canalizar sua energia física, mental e espiritual exclusivamente ao estudo da Torá.
A escolha do Lulav para ser a única espécie mencionada na bênção das Arbaat a Minim é controversa e o Talmud e o Midrash discutem sobre isso em detalhes.
Mas a História Judaica torna evidente a razão para a superioridade do Lulav.
Os maiores heróis do Povo Judeu são os nossos Profetas e nossos Sábios. As figuras mais reverenciadas em nossa história são e sempre serão os mestres em Torá.
Através dos séculos tivemos incontáveis judeus que deram contribuições extraordinárias ao nosso povo e à humanidade: cientistas, médicos, filantropos, escritores, artistas e pensadores.
Mas costumamos dar aos nossos filhos o nome dos heróis e heroínas da Torá ou dos Sábios do Talmud.
O Judaísmo existe por causa de nossos grandes Sábios e Mestres que se dedicaram inteiramente à Torá, visando a preservar sua integridade e garantir sua perpetuidade.
Os judeus representados pela Aravá, pelo Adás e mesmo pelo Etrog continuam a existir graças aos judeus simbolizados pelo Lulav.
Todos os judeus podem ser um Lulav
O fato de a bênção dos Arbaat a Minim mencionar apenas o Lulav nos ensina que o estudo da Torá tem importância capital.
É o alicerce do Judaísmo e a ponte que conduz o Povo Judeu até D’us.
Há muitos judeus que cumprem muitas Mitzvót, que realizam coisas extraordinárias e fazem contribuições inestimáveis à humanidade, e, ao fazê-lo, glorificam nosso povo.
No entanto, o conhecimento da Torá é fundamental para a preservação da identidade judaica da pessoa. E para isso, não há substituto para o estudo da Torá.
O Lulav também nos ensina a reverenciar nossos Sábios. Essa espécie representa os judeus que se sacrificam pela Torá, não os que a usam em benefício próprio.
Ser um Lulav é ser humilde, porque nossos Sábios nos ensinam que D’us concede a dádiva da Torá aos humildes.
Uma pessoa que é um Lulav não se considera melhor do que outra, mas precisa ter consciência de que desempenha um papel primordial em assegurar a perpetuidade do Judaísmo e de seu povo, o Povo Judeu.
Nem todo judeu nasceu para ser um Lulav e essa é uma das razões para mais três outras espécies comporem, juntas, as Arbaat a Minim.
Todo ser humano tem uma missão na vida e uma pessoa não deve escolher um caminho que não é o seu.
Mas cada judeu pode ser, temporariamente, um Lulav desde que se entregue profundamente ao estudo da Torá.
Mesmo a pessoa mais ocupada pode dedicar algum tempo em sua vida diária para isso, e nessa hora se entregar inteiramente a isso.
Ao se envolver nessa união com a Torá e seu Autor, essa pessoa não deve distrair-se com nada mais.
O mandamento dos Arbaat a Minim nos ensina sobre a união entre o Povo de Israel, indicando o quanto cada um dos judeus é indispensável à nação.
Mas o fato de a bênção dos Arbaat a Minim mencionar apenas o Lulav obriga cada um de nós a reexaminar seu comprometimento com o Judaísmo.
O Pirkei Avot, tratado da Mishná que ensina a sabedoria e a Ética Judaica, afirma que: mesmo que somente um de nós, judeus, se envolva no estudo da Torá, a She’hiná que é a Presença Divina que paira sobre nós, está ao lado dessa pessoa.
Quando um único judeu estuda a Torá, ele ajuda a divulgar a Luz Divina no mundo, fortalece sua Alma e a Alma de cada um de nós, mesmo a daqueles que já se foram deste plano terrestre, e ajuda a trazer bênçãos e paz a toda a humanidade.🌻
Sucot nas Sefirót
No calendário Judaico existem somente duas festas que são comemoradas durante uma semana inteira
As duas estão comemorando o mesmo acontecimento, mas dando ênfase a aspectos diferentes desse acontecimento.
As duas estão comemorando a mesma coisa mas em datas extremamente diferentes.
Essas festas são a festa de Sucot e a festa de Pessa’h que estão comemorando a saída do Egito, uma no começo do inverno e a outra no começo do verão.
A diferença entre elas é que em Pessa’h o Mandamento Divino é comer a Matzá, e quando você come a Matzá ela entra dentro de você.
O contrário disso acontece em Sucot, que é quando você entra no Mandamento Divino, ou seja, na Sucá.
Pessa’h é, portanto, a retificação de nosso espaço interior, enquanto que Sucot é a retificação de nosso espaço exterior.
Enquanto estamos na Sucá, ela nos rodeia por todos os seis lados representando as seis Sefirot do “Zeir Anpin”, a formação de Sefirót chamada de “pequena face” que são a Hessed, a Guevurá, a Tiferet, a Netza’h, a Hod e a Yessod.
Nossa presença dentro da Sucá representa a Nukva que é a Mal’hut.
Essas sete Sefirót estão diretamente ligadas ao nosso comportamento independente do nosso intelecto.
Ou seja, nosso patriarca Avraham era o cúmulo da Hessed, da generosidade, enquanto seu filho, Itzhak, era o cúmulo da Guevurá, da rigidez, mesmo que no aspecto intelectual eles eram iguais.
Os sete dias nos quais moramos na Sucá são associados à ideia de aperfeiçoar o mundo, nosso espaço exterior.
Isto também se expressa por meio de 70 Korbanot que eram oferecidas no Beit a Mikdash, o Templo Sagrado de Jerusalém.
Durante a festa de Sucot eram oferecidos 70 bois para levar bênçãos às 70 nações do mundo.
A retificação de nosso espaço exterior que ocorre ao longo da semana de Sucot acontece também por meio de mover as quatro espécies de plantas que são o Lulav que é a folha da tamareira, o Adás, o Aravá, e o Etrog que é a cidra.
Fazemos uma Brahá sobre o Lulav e depois disso movemos esses Arbaat a Minim três vezes para cada uma das seis direções do nosso universo físico.
Essas seis direções para onde movemos os Arbaat a Minim são nosso Zeir Anpin, os seis lados do nosso espaço exterior
A posição onde nos encontramos e nela nos posicionamos é a nossa Mal’hut, nosso espaço interior.
O motivo de movermos os Arbaat a Minim para os seis lados é para sincronizar as seis Sefirot do Ze’ir Anpin com a Mal’hut, trazendo a abundância de cima para baixo e materializando ela por meio da Mal’hut.
Essa materialização da fartura e abundância que as seis Sefirót do Zeir Anpin repassam para a Mal’hut e ela repassa para nós é comparada à uma mãe que depois de comer coisas que o nenê não teria como comer e em uma quantidade que ele não teria como suportar, ela transforma tudo em leitinho e dá de mamar para o nenê.
Ela consegue baixar para o nível do nenê toda aquela fartura que ele não teria como usufruir a não ser por meio dessa transformação feita pela mãe.
Sendo que nosso mundo é o mundo da ação, para que a fartura e abundância de cima desça para cá precisamos fazer uma ação, e essa ação precisa ter uma ligação com o que queremos trazer de cima.
Vimos um exemplo disso nas dez pragas no Egito. D’us pediu para Moshe dar uma cajadada no rio Nilo.
A cajadada é uma expressão de castigo e Moshe Rabeinu recusou dar essa cajadada para não expressar ingratidão castigando o rio Nilo que salvou sua vida.
D’us poderia então ter dito que o rio Nilo vai se transformar em sangue sem cajadada, sem ação material.
Mas não, D’us pediu para Moshe pedir para Aharon para ele dar a cajadada.
Ou seja, tem que haver uma ação no nosso mundo da ação para trazermos para cá o que precisamos de lá.
Por isso, diz o Ari a Kadosh, devemos mover os Arbaat a Minim na seguinte ordem:
Nos posicionamos para o lado oriente. Por meio do nosso posicionamento nos sincronizamos com a Sefirá chamada de Mal’hut.
Vamos mover os Arbaat a Minim três vezes para cada lado. Essas três vezes estão sincronizadas com as primeiras três Sefirót que são as raízes. Essas Sefirót são chamadas se Sefirót intelectuais e são a Ho’hmá, a Biná e a Daat
1- Movemos os Arbaat a Minim três vezes para o lado da Hessed, que no nosso corpo é representada pelo lado direito e no mapa é representada pelo lado sul
2- Depois disso movemos os Arbaat a Minim três vezes para o lado da Guevurá, que no nosso corpo é representada pelo lado esquerdo e no mapa é representada pelo lado Norte
3 – Depois movemos os Arbaat a Minim três vezes para o lado da Tiferet que é representado pelo centro do nosso corpo e no mapa é representada pelo lado Leste que é o lado oriente.
E sendo que desde o começo já estávamos posicionados na direção Leste, movemos os Arbaat a Minim para frente.
4- Depois movemos os Arbaat a Minim três vezes para o lado da Netza’h representado pelo lado de cima.
5 – Depois movemos os Arbaat a Minim três vezes para o lado Hod representado pelo lado de baixo, mas sem virar o Lulav de cabeça para baixo
6 – No último movimento movemos os Arbaat a Minim três vezes para o lado Yessod representado pelo lado oeste. Sendo que estamos posicionados para o lado oriente que é o lado Leste, então não nos movemos para trás, continuamos direcionados para o lado oriente mas viramos o Lulav para trás
O tempo todo ficamos posicionados para o lado oriente e só movemos os Arbaat a Minim para todos os lados mas não nos viramos junto com eles
O fato de ficarmos parados posicionados para o oriente é a nossa sincronização com a Mal’hut.
Sete convidados do outro mundo em todas as Sucot
O Zohar nos conta que em cada um dos dias da festa de Sucot recebemos um convidado especial do mundo superior.
Esses convidados especiais são chamados de Uzhpizin que em aramaico quer dizer hóspedes
O Rebe nos ensinou que todos os Ushpizin vêm todos os dias à nossa Sucá, porém há sempre o convidado especial do dia e um Rebe do mundo superior que o acompanha.
Os Uzhpizin do primeiro dia são Avraham Avinu e o Baal Shem Tov
O tema mais destacado, tanto em Avraham Avinu quanto no Baal Shem Tov, é guemilut hassadim, a bondade.
Todos sabemos o quanto Avraham tinha a casa aberta a todos.
Há também muitas histórias sobre o Baal Shem Tov, mostrando o quanto ele se preocupava com cada pessoa, tanto material como espiritualmente.
Os Uzhpizin do segundo dia são Yitzhak Avinu e o Maguid de Mezrich.
Yitzhak nunca saiu de Israel, o Maguid, durante sua liderança, não deixou Mezeritch mas as pessoas viajavam até ele.
Os dois conseguiram, neste mundo, no próprio local onde estavam, revelar algo acima do mundo.
Este é um trabalho feito de forma milagrosa, acima da natureza, e junto com isso eleva a forma natural do mundo.
É como a alegria que rompe as barreiras da natureza, e consegue trazer D’us a este mundo.
Os Uzhpizin do terceiro dia são Yaakov Avinu e Alter Rebe
Há uma ligação muito forte entre eles. Avraham representa a Hessed, a bondade, Yitzhak representa a Tefilá, a reza.
Quando chega Yaakov, o assunto é Torá. “Yaakov… Yoshev Ohalim”. Yaakov é o que senta nas tendas, o que estuda Torá.
O nome do Admor Hazaken é Shneior Zalman.
Shnei-or, duas luzes, luz da parte revelada da Torá e luz da Hassidut. Torá escrita e Torá oral, como ele ficou conhecido como autor do Shul’han Aru’h e do Tanya.
Ele traz no seu segundo nome Zalman, que tem as mesmas letras de lazman, tempo, trazendo a Torá para o tempo e espaço do mundo.
Os Uzhpizin do quarto dia são Moshe Rabeinu e o Miteler Rebe
Moshê Rabeinu trouxe a Torá completa para os yehudim. Assim também, o Admor Haemtzaí revelou a Torá da Hassidut em abundância, de forma que trouxe a compleição da Torá da Hassidut.
Há também diferenças entre eles:
Consta no Talmud que Moshê era um homem rico. Já o Admor Haemtzaí viveu numa época muito pobre.
Está escrito no Pirkêi Avot, Ética dos Pais, “Quem cumpre a Torá na pobreza acabará cumprindo a Torá na riqueza.
Os Uzhpizin do quinto dia são Aharon a Cohen e o Tzema’h Tzedek
A característica principal do Tzema’h Tzedek em comparação aos Rebeim que o antecedem é a aproximação e a união entre todos os movimentos judaicos, principalmente nos grandes do povo de Israel, fazendo com que eles se comportassem na prática em forma de união.
Aharon a Cohen é conhecido como “Ama a paz, persegue a paz, ama as criaturas e aproxima elas da Torá.”
Os Uzhpizin do sexto dia são Yossef a Tzadik e o Rebe Maharash
O Rebe Maharash é famoso pelo seu lema “Le’hat’hila Ariber” – “a princípio por cima”.
O mundo diz que quando há um obstáculo, a pessoa tenta passar por baixo, porém eu digo, assim disse o Rebe Maharash, desde o princípio, vá por cima.
Um judeu precisa saber que antes de mais nada o mundo, a Torá tem uma ordem, mas a Hassidut nos mostra que está acima do sistema, acima da ordem, e começamos por aí.
Assim é Yossef, cujo nome tem o significado de ossafá, aumento. Não estamos falando da forma natural, seu nome já indica acréscimo. No nascimento, sua mãe já estava pedindo outro filho.
Os Uzhpizin do sétimo dia são David a Mele’h e o Rebe Rashab.
O ponto de ligação entre os dois visitantes deste dia é shalom, paz. O primeiro nome do Rebe Rashab é Shalom.
David a Mele’h no início de seu reinado passou por guerras, porém depois houve momentos de paz. Foi David a Mele’h que trouxe a tranquilidade dos dias de Shlomo a Mele’h.
Os Uzhpizin do oitavo dia são Shlomo a Mele’h e o Rebe Rayats
A conexão entre eles é que Shlomo a Mele’h trabalhou em três frentes:
Construiu o Bet Hamikdash.
Trouxe paz para todo o povo.
Refinou o mundo, pois o mundo inteiro vinha ouvir sua sabedoria.
O Rebe Anterior também trabalhou em três frentes:
Fixou o estudo da Hassidut entre os hassidim (Foi o primeiro diretor da Yeshivá Tomchei Temimim).
Esforçou-se para que a hassidut fosse traduzida em todos idiomas.
Enviou shlu’him, emissário, para o mundo inteiro para divulgar a Hassidut.
Não se pode celebrar uma ocasião sozinho, seja um aniversário seja um casamento. Celebramos rodeados de outras pessoas.
Por essa razão é costume receber, com alegria, convidados à nossa Sucá.
A Festa de Sucót é chamada pela Torá de “Época da nossa alegria”, e por isso temos que compartilhar essa alegria com os outros.
Nos sete dias de Sucot, além de convidar amigos para nossa Sucá e, assim, celebrar refeições festivas em boa companhia, temos o costume, segundo a tradição Cabalista, de também receber sete convidados místicos, os – “os Sete líderes do nosso povo” – que personificam as sete Sefirot da emoção. E eles são Avraham, Itzhak, Yaacov, Moshé, Aharon, Yossef e David.
O Zohar, obra central da Cabalá, diz: “Quando um homem senta na Sucá na sombra da fé, a She’hiná (a Presença Divina) abre suas asas sobre ele
Nessa hora nosso patriarca Avraham e mais cinco Tzadikim, sendo David um deles, estabelecem sua morada a seu lado.
A pessoa deve se alegrar cada dia da festa acompanhado desses Tzadikim que lhe fazem companhia”. (Zohar, Emor 103a).
Esses convidados elevados vêm alimentar-nos de espiritualidade, cada um deles compartilhando a qualidade que lhe é única.
A festa de Sucot é a “época da nossa alegria”, porque nós, seres humanos, não costumamos celebrar sozinhos.
D’us também se junta à celebração e Se alegra conosco, Suas criaturas.
Como escreveu o Rabi Shneur Zalman de Liadi, o Baal a Tanya: “Sucot é chamada de ‘época da nossa alegria’, a alegria de D’us com Israel e a alegria de Israel com D’us.
Ambas as situações se fundem em uma única celebração harmoniosa dos Céus com a Terra”.
E essa alegria nos une a D’us e a outros seres. E, como, na verdade, a alegria não pode ser celebrada quando estamos sós, somos obrigados a convidar amigos – terrestres e celestiais, para morar na Sucá junto com a gente.
Aperfeiçoando nossas sete Sefirot emocionais
Os Mandamentos Divinos de Sucot estão associados às sete Sefirot emocionais. Como isso se aplica ao nosso dia a dia.
A festa de Sucot se inicia apenas duas semanas após Rosh a Shaná, o Ano Novo judaico. A Cabalá de Sucot nos ensina que se queremos ter um ano positivo, produtivo e pleno precisamos nos empenhar para aperfeiçoar nossas sete Sefirot emocionais.
Como já vimos, estas não são nem boas nem ruins. Dependendo de como são utilizadas, podem servir a propósitos positivos e sagrados, ou negativos e profanos.
Os sete Ushpitzin visitam nossa Sucá para nos dar o poder de usar positivamente a respectiva Sefirá que cada um deles personifica.
A Hessed pode ser o maior de todos os atributos quando nos leva a sermos mais amorosos e generosos, nos forçando a dar de nós mesmos, a contribuir para o mundo e a ajudar àqueles que estão necessitados, a servir a D’us com amor e entusiasmo, a amar ao próximo como a si mesmo e aproximar os corações.
Mas infelizmente esta Sefirá também pode ser utilizada de maneira destrutiva como no caso de Ishmael que era a Hessed do lado impuro como acontece hoje em relação ao Irã que são os descendentes de Ishmael e distribuem gratuitamente armamentos para todos os nossos inimigos.
A Hessed pode até ser mal utilizada no relacionamento da pessoa com D’us. A atitude de quem diz “Amo D’us e D’us tem que me amar em troca e, portanto, posso fazer o que quiser e D’us me entenderá” é uma expressão da Hessed do lado impuro.
A Sefirá de Guevurá é essencial à vida: é o que nos dá um sentido de auto-preservação. Por exemplo, é Guevurá, a emoção do comedimento e medo, o que nos impede de colocar a mão no fogo. É também Guevurá o que nos permite agir de maneira mais centrada, organizada e disciplinada.
Mas Guevurá também pode ser empregada de maneira destrutiva se manifestando através de atos de egoísmo, hostilidade e violência, como no caso do pai que não ajuda seus filhos porque acredita que “eles têm que aprender a cuidar de si próprios”.
A Sefirá chamada de Tiferet é beleza, harmonia e paz, ela leva os pais a educarem seus filhos com equilíbrio, sem faltar com respeito em relação à eles. Tiferet é compaixão: significa agir de forma equilibrada e fazer o que for melhor para o outro.
Mas a Tiféret também pode ser usada de forma errada se tornando compaixão com a maldade tentando entendê-la ou tolerando o mal e permitindo que seja disseminado
A quarta Sefirá, Netza’h, é um ingrediente imprescindível para o sucesso. É o que nos impele a realizar algo com nossa vida. Para concretizar nossas intenções, precisamos ter ambição e força de vontade. “Uma vontade férrea não garante o sucesso, mas a falta dela garante o fracasso”.
Para ter sucesso em nossas empreitadas, precisamos empregar Netza’h para vencer os obstáculos e qualquer oposição que possa surgir.
Mas a Netza’h também pode ser a Netza’h do lado impuro quando ela leva a pessoa a usar qualquer meio para justificar seus fins, pisando nos outros e não tendo por eles qualquer consideração
A quinta Sefirá, a Hod, está ligada ao reconhecimento de que tudo o que fazemos é somente porque D’us nos deu a energia para fazer isso, e não pelo nosso próprio esforço, e esse pensamento nos traz humildade.
Assim como Netza’h, ela é um instrumento necessário para o sucesso tanto para as relações profissionais quanto pessoais. Para ter condições de trabalhar em equipe precisamos despertar a Hod dentro de nós.
O lado impuro da Hod é quando a pessoa começa a pensar “Quem sou eu para cumprir os Mandamentos Divinos” “Quem sou eu para que D’us se relacione aos meus pedidos”.
A sexta Sefirá, a Yessod, está ligada ao carisma que cada um de nós possui, e quando desenvolvemos essa Sefirá que se encontra dentro de nós e é ligada ao nosso relacionamento tanto com D’us quanto com as pessoas à nossa volta, marido e mulher vivem em harmonia e os membros da família se unem.
A Yessod do lado impuro é quando a pessoa usa seu carisma e charme para enganar, manipular os outros e constituir relacionamentos proibidos.
A sétima Sefirá, Mal’hut, Realeza, é uma Sefirá que não tem nada de exclusivamente seu e é uma qualidade geralmente encontrada em grandes líderes.
A Guemará nos conta que um líder é um servo de seus liderados. Ou seja, não vive para si próprio mas vive para eles.
Essa é a definição de um rei verdadeiro e justo, tudo o que ele possui pertence ao seu povo e deve ser usado em benefício deles.
O Rei David simboliza esta Sefirá por ter escrito os Tehilim, que são palavras sagradas e que transmitem fé, força e conforto a quem os lê.
O Mal’hut do lado impuro se expressa quando os líderes se tornam corruptos e egoístas, interessados em promover a si próprios, adquirindo poder e riqueza e usando sua posição de liderança apenas em benefício próprio.
Mal’hut é também relacionada à capacidade de comunicação. O lado negativo de Mal’hut se manifesta por meio de comunicadores que empregam suas habilidades de oratória em propósitos egoístas, manipulativos e maldosos.
A Torá nos ensina que D’us criou o Universo através da fala, e isso sinaliza que também nós, que fomos criados à Sua “imagem”, temos, através de nossas palavras, o poder de modelar o mundo
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Interessar-se por toda a Humanidade
Durante a festa de Sucot, leem-se na sinagoga várias passagens dos escritos dos Profetas. Tais passagens, em especial as profecias de Ze’hariah e Ezequiel, falam-nos da transformação do mundo e seus povos, que ocorrerão no “Final dos Tempos”.
O mundo terá que passar por um Dia de Julgamento perante D’us. E, por fim, Ele Se revelará em toda a Sua majestade.
E quando isso ocorrer, todos os povos do mundo reconhecerão Sua suprema soberania, e irão a Jerusalém, em peregrinação, para O reverenciar.
Como está escrito: “Então, cada uma das nações, dentre as que invadiram Jerusalém, que sobreviver, subirá cada ano para adorar o Rei, o Eterno dos Exércitos, e celebrar a festa de Sucot” (Ze’hariah, 14:17).
Sucot é o símbolo da proteção Divina sobre Israel, essa festa Judaica será especialmente reconhecida pelos povos do mundo, e eles serão recompensados por isso.
As celebrações de Sucot sempre tiveram um efeito profundo sobre todos os povos.
As 70 oferendas levadas ao Templo Sagrado de Jerusalém durante essa festividade correspondiam e serviam de proteção aos 70 povos que descendem dos filhos de Noé (que, aliás, constituem os povos atuais do mundo).
O Povo de Israel levava aqueles sacrifícios como expiação por todos os demais povos, rezando pelo seu bem-estar, bem como pela paz universal e harmonia entre toda a humanidade.
Hoje em dia, tais oferendas são recriadas por meio de nossas orações.
Nossa alegria e as nossas rezas durante toda a semana de Sucot continuam a ter, como em tempos antigos, um impacto cósmico no destino do mundo.
Daqui vemos que a Torá não se preocupa e protege apenas os judeus. A celebração de Sucot visa a atrair as bênçãos e a paz Divinas não apenas sobre o Povo Judeu, mas sobre toda a humanidade.
Rabino Gloiber
Sempre correndo
Mas sempre rezando por você
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