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A tradução da Torá pelo próprio Moshe Rabeinu

A tradução da Torá para setenta idiomas

 

Está escrito na nossa Parashá: “E foi no quadragésimo ano, no décimo primeiro mês, no primeiro dia do mês, começou Moshe a explicar esta Torá dizendo…”.

 

Dizem nossos Sábios, como traz Rashi, que Moshê explicou a Torá em setenta línguas diferentes.

 

Porque Moshê precisaria explicar a Torá em setenta idiomas?

 

Rabi Moshe bem Na’hman, o Ramban, nos ensinou que a Torá, as Profecias e todas as Escrituras Sagradas foram ditas na “Língua Santa”

 

Ou seja, no hebraico clássico, que é o idioma Divino no qual Hashem (D’us) falou com Moshe e com os Profetas.

 

Sendo que a Torá é a “Torá de Hashem”, Hashem “nos deu Sua Torá “, aparentemente o estudo da Torá deveria ser somente na “língua Divina”, a “Língua Santa”.

 

A definição de Torá “escrita” é : Nenhuma letra a menos e nenhuma letra a mais, mas exatamente como foi dada por Hashem (D’us), e por esse motivo a leitura do Sefer Torá na Sinagoga é considerado estudo e temos que dizer uma Bra’há (Benção) com nome de Hashem mesmo que o Judeu que está dizendo a Bênção não entende o que está lendo, e muitas vezes não entende nem a tradução da Benção.

 

Talvez por isso poderíamos dizer que a leitura da Torá escrita em qualquer ocasião só poderia ser feita na “língua Santa”, idioma no qual ela foi dada por Hashem (D’us)!

 

E não somente isso, mas até em relação às explicações da Torá, chamadas de “Torá Oral”, mesmo que aparentemente dependem somente do nosso entendimento, e se não entendemos a Torá Oral não cumprimos a Mitzvá de estudá-la, mesmo assim a Hala’há é que “pensamento não é fala” e para cumprir a Mitzvá devemos falar a Torá Oral

 

E novamente poderíamos pensar que só cumprimos essa Mitzvá falando a Torá Oral na “língua Santa”.

 

E algumas leis que recaem sobre “falar” palavras de Torá são vigentes também em relação a Torá Oral, como a proibição de falar palavras da Torá sem roupas e também o fato de não podermos fazer uma Bênção sobre a Torá que vamos pensar mas somente sobre a que vamos falar.

 

Ainda mais, sendo que a “Torá Oral” também é de Hashem (D’us), poderíamos dizer que a classificação de “Estudo de Torá” só recaísse sobre a Torá Oral quando fosse dita na língua falada por Hashem (D’us), na língua Santa.

 

Essa foi a ação de Moshe Rabeinu na nossa Parashá.

 

Por meio de ter explicado a Torá em setenta línguas, a partir daí recai o nome “Torá” sobre assuntos de Torá estudados pelo povo de Israel em outras línguas mesmo não sendo essa a língua que D’us deu a Torá

 

Fazendo com que recaia sobre ela a classificação de “Torá” a tal ponto que quando falamos assuntos de Torá em outras línguas estamos falando verdadeiras “Palavras da Torá” e se torna proibido falarmos elas antes de dizer a “Bênção da Torá”, e nem precisamos dizer que é proibido falar assuntos de Torá em qualquer idioma se não estivermos vestidos

 

A iniciativa que teve Moshe na nossa Parashá foi incentivada pela própria Torá que usa algumas palavras nas línguas dos outros povos, como por exemplo “Yegar Sahaduta” , “Totafot” e etc.

 

O Midrash Tan’huma nos conta que até a primeira palavra dos Dez Mandamentos, Ano’hi (Eu) que engloba todos os mandamentos positivos da Torá é uma palavra retirada da língua egípcia antiga

 

O motivo que essas palavras fazem parte da Torá que é toda de Hashem é para que recaia a santidade da Torá sobre essas palavras e por meio disso as línguas dos povos se tornam refinadas para que se possa “repassar” a Torá por meio delas .

 

Isso acontece nos idiomas atuais também. O que a Torá fez em curta escala somente indicando que isso é possível, e Moshe Rabeinu fez em larga escala, traduzindo toda a Torá para setenta línguas, aparentemente foi uma dica para a nossa situação atual.

 

Surgiram novas línguas, todas derivadas daquelas setenta, e nós somos os que estão refinando esses novos idiomas quando repassamos a Torá por meio deles.

 

Na torre de Bavel aconteceu um milagre que deu origem a setenta línguas e delas saíram todos os idiomas que existem hoje.

 

Sabemos que a “Língua Santa”, que por meio dela Hashem (D’us) criou o mundo, foi falada por Adam e Havá (Adão e Eva) e continuou sendo falada por pessoas de cada geração também depois da torre de Bavel.

 

A maior prova disso é que o Povo de Israel que desceu para o Egito não mudou a sua língua que era a mesma desde a criação do mundo.

 

O Tossfot Yom Tov nos conta que o Hebraico antigo que foi a primeira língua existente no mundo. Ela deu origem ao aramaico e o aramaico ao árabe.

 

Poderíamos pensar, será que o aramaico, sendo que é um derivado da “Língua Santa” já vem com a santidade do”Idioma Divino”?

 

A Torá nos dá a dica: Está escrito: “Yaakov chamou aquele lugar de “Gal Ed” e Lavan de “Yegar Sahaduta” ou seja, tanto os idiomas derivados da “Língua Santa” quanto os derivados das outras línguas são o idioma de “Lavan o Arameu” e precisam ser refinados pela Torá !

 

O motivo que isso teve que ser feito especificamente por Moshe Rabeinu é porque todos os assuntos da Torá foram dados para o povo de Israel por meio de Moshe , “Moshe recebeu a Torá no Sinai”, a tal ponto que disseram nossos Sábios :-“Tudo que um aluno experiente vai inovar já foi dado para Moshe no Sinai”

 

Por isso também que o fato de os assuntos de Torá ditos nas setenta línguas também serem chamados de “Torá” teria que ser revelado pelo próprio Moshe Rabeinu.

 

Porque Moshe pediu para o povo de Israel escrever a Torá nas pedras em setenta línguas?

 

Fora o fato de Moshe ter explicado oralmente a Torá em setenta línguas, Moshe e os anciãos de Israel pediram ao povo que no dia em que atravessassem o rio Jordão erguessem pedras grandes e escrevessem nelas todas as palavras desta Torá nessas setenta línguas, cada uma nas suas letras, como nos contou o grande Tzadik Rabi Moshe bem Maimon, o Rambam, que a Torá foi escrita naquelas pedras com as letras de cada idioma.

 

Vemos aqui que Moshe Rabeinu conseguiu fazer com que não haja diferença entre traduzir a Torá oralmente para as setenta línguas e escrever ela em setenta línguas, nos dois casos ela se tornou considerada “Torá” com toda a devida santidade relacionada a ela.

 

Por esse motivo Moshe também teve que traduzir oralmente a Torá e também pedir para que ela fosse escrita na escrita de cada povo.

 

Duas obras distintas, uma para que recaia a santidade da Torá sobre a língua dos povos, e a outra para que essa santidade recaia também sobre a escrita dos povos.

 

Ou seja, para que os livros com assuntos de Torá escritos nas letras dos setenta idiomas também sejam chamados de Livros Sagrados, “Sifrei Kodesh”, e devam ser cuidados com o mesmo respeito que damos aos livros escritos na “Língua Santa”

 

Rabino Gloiber
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O conselho de Ytró

 

A Torá nos conta que Ytró, o sogro de Moshe , levou sua filha Tzipora junto com os dois filhos dela para Moshe no deserto.

 

Porque Ytró teve que se arriscar dessa maneira entrando deserto adentro e não poderia esperar com que Moshe viesse pessoalmente buscar sua família?

 

O Ari Zal nos conta que Ytró era a reencarnação de Caim e Moshe era a reencarnação de Abel.

 

A Torá nos conta que Caim teve um filho com sua esposa e o chamou de Hano’h.

 

Quem era essa esposa que a Torá não conta de onde ela nasceu? É claro que ela não era sua própria mãe!

 

Então quem era essa mulher que estava lá e se casou com Cain?

 

Quando a Torá nos conta sobre o nascimento de Cain e Hevel aparece três vezes a palavra “et”.

 

O Midrash decifra essa palavra aparentemente desnecessária nesse lugar revelando que junto com Cain nasceu uma irmã gêmea e com Hevel nasceram duas, e elas seriam suas futuras esposas.

 

Cain ficou indignado por ter uma esposa só enquanto seu irmão teria duas.

 

Encontrou um motivo para briga, justificando como sendo um assunto religioso. O fato de seu korban (sacrifício) não ter sido aceito e o de seu irmão sim.

 

E terminou assassinando seu irmão por achar que não tem no mundo nem lei e nem juiz e que nada vai acontecer para ele.

 

Os três se reencarnam novamente.

 

Caim é Ytró, Abel é Moshe, e aquela gêmea, pivô da briga entre eles é Tzipora.

 

Por isso Ytró tinha que tomar a iniciativa de ele levar Tzipora para Moshe, porque esse era o “Tikun” (o conserto) da alma do Cain.

 

Devolver aquela “Alma gêmea” que foi roubada por ele na reencarnação anterior, e também salvar a vida do “irmão”, ou seja, irmão da reencarnação anterior. Isso para consertar o fato de tê-la roubado e tê-lo assassinado por causa dela.

 

Ytró leva Tzipora para Moshe, e por meio de seus conselhos salva a vida de Moshe de um infarto por stress.

 

Delegando o trabalho que Moshe estava fazendo a nada mais e nada menos que:

 

600 juízes, responsáveis por mil pessoas cada um

 

6.000 juizes responsáveis por 100 pessoas cada um.

 

12.000 juízes responsáveis por 50 pessoas cada um

 

60.000 juízes responsáveis por 10 pessoas cada um

 

Ou seja, 78.600 juízes para fazer o trabalho que Moshê tinha feito sozinho!

 

Ytro de verdade salvou a vida de Moshe, construindo uma estrutura de governo jamais vista antes.

 

Sendo que Cain tinha assassinado Hevel porque achava que o mundo não tinha um juiz , essa parte da Torá que é chamada de “Parashat Hadaianim”, “a Parashá dos juízes”, teve que chegar até nós por meio de Ytró. E assim ele “acrescentou” uma Parashá na Torá.

 

Aprendendo com Ytró:

 

Aprendemos com Ytró que se até o próprio Moshe poderia ter terminado sua vida de maneira fatal por ter centralizado todo o trabalho envolta de si próprio, quanto mais nós que não temos toda a capacidade que Moshê.

 

Ytró para salvar Moshê fez ele delegar seu trabalho à pessoas adequadas para essa função, mesmo não sendo elas tão adequadas à isso quanto o próprio Moshê.

 

Quanto mais nós, que muitas vezes encontramos pessoas muito mais adequadas do que nós próprios para delegar funções de muito menos responsabilidade do que era a deles !

 

Então, vamos aprender com Ytró, começar a nossa própria “descentralização”.

 

Parar de mandar em tudo e em todos, fazer a nossa parte com muita dedicação e empenho e deixar que cada um faça a sua parte sem a necessidade de sermos um CEO sobre tudo e todos.

 

E assim não só que estaremos fazendo a vida mais leve para as pessoas ligadas à nós, mas também estaremos salvando as nossas próprias vidas de uma morte por Stress.

 

E esse é o conselho de Ytró.

 

Rabino Gloiber
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