Tefilá – As rezas judaicas

A Mitzvá daTefilá

O Mandamento da reza

Mitzvá da Torá e Mitzvá DeRabanan

A Mitzvá da Tefilá pela Torá é pedir para Hashem o que você precisa na hora que você precisa.

Em uma hora de perigo, por exemplo, fora o fato de você ter que fazer tudo o que é necessário para se defender mesmo se precisar contra-atacar antes de ser atacado, em primeiro lugar você deve pedir para Hashem te salvar do perigo. É esse é um dos princípios da nossa fé .

O motivo desse princípio é que por meio disso a pessoa vai saber e entender que Hashem sozinho dirige o mundo e cuida detalhadamente de cada uma das criaturas, e somente Ele tem a possibilidade de nos salvar e etc, como escreveu o Rambam no quinto dos treze princípios da fé judaica.

A Mitzvá da Tefilá não é vinculada somente à pessoas próximas de Hashem como os grandes Tzadikim que são as pessoas altamente elevadas espiritualmente, mas também toda pessoa que precisa de alguma coisa é uma “Mitzvat Assé” (Mandamento “Faça”) fazer o seu pedido para Hashem.

Às vezes seu pedido será aceito e seu desejo será realizado, e às vezes, para nosso próprio benefício material ou espiritual, nosso pedido não é aceito.

E isso se compara a alguém que manda seu pedido a um rei.

Qualquer pessoa deve mandar para o rei um pedido, e mesmo sendo a pessoa mais distante do rei pode ser que ele vai atender a seus pedidos porque condiz a natureza boa e piedosa do rei atender especificamente aos mais humildes e etc…

O fato de a pessoa estar mais próxima ou mais distante do rei só vai fazer diferença em relação a pedidos sobre assuntos públicos e de grande importância para o povo, mas em assuntos de necessidades particulares não faz diferença se a pessoa está mais próxima ou mais distante.

Dessa mesma maneira Hashem se relaciona as rezas que rezamos para Ele fazemos nossos pedidos para Ele dizendo explicitamente que Ele atende as rezas de cada pessoa. Isso é o mandamento da reza pela Torá, um mandamento “faça” que não tem um tempo determinado abrangendo homens e mulheres.

Nossos profetas e sábios fizeram para nós o roteiro das rezas como hoje ele se encontra no nosso livro de rezas chamado de Sidur.

Eles determinaram também a frequência e os horários de cada reza, e também quais rezas podem ser ditas somente quando há um “Minian” que é o conjunto de dez homens judeus acima de 13 anos de idade.

Um Mandamento determinado pelos nossos Sábios e  Profetas que vieram depois de Moshe é chamado de “Mitzvá Derabanan”.

Tefilá (reza) pela Torá é pedir para D’us o que precisamos quando precisamos.

Para não esquecermos o que precisamos e com que frequência devemos pedir, nossos Sábios fizeram o “roteiro da Tefilá” que é chamado em hebraico de Shmone Esrei (18) sendo que o original desse roteiro são dezoito Bênçãos.

Essa reza também é chamada de Amidá (levantado) sendo que ela é feita em pé.

O livro das rezas que temos hoje que é chamado de “Sidur” foi feito pelos grandes Sábios de algumas gerações.

Sendo que ele foi copiado a mão de geração em geração dando espaço a certos erros, o Rebe Shneior Zalman de Liadi corrigiu 60 Sidurim antigos escrevendo o Sidur mais atualizado  chamado de”Nussach Ari Zal”

 

“A Tefilá de Moshe”

Moshe contou ao nosso povo que “rezou para D’us naquela hora” e usa a palavra Vaet’hanan se referindo a reza.

Rashi diz que a raiz da palavra vaet’hanan se refere a um presente gratuito e explica que mesmo podendo os Tzadikim justificarem o atendimento de seus pedidos como merecimento à suas boas ações, mesmo assim por humildade pedem à Hashem que atenda a seus pedidos sem olhar para seus méritos, pedem para que Hashem lhes dê seu pedido de graça.

A primeira mensagem é:

Não pensar nos nossos méritos na hora de fazer os nossos pedidos. O atendimento aos nossos pedidos é um presente que Hashem nos dá por termos pedido. Então, vale a pena pedir !

Diz o Midrash Rabá que o valor numérico da palavra Vaet’hanan é 515 que foi o número de vezes que Moshe rezou por aquele mesmo motivo.

A segunda mensagem é:

Vamos pedir pedir e pedir porque todos os seus pedidos são levados em conta, e mesmo que o que você está pedindo no momento não seja atendido por motivos que sempre são para o nosso bem revelado ou oculto , mesmo assim eles são automaticamente encaminhados para algo mais importante que muitas vezes nem sabíamos que estávamos precisando.

 

A Tefilá de Yaakov

Yaakov rezou para Hashem ajudá-lo e não se apoiou em seu próprio mérito.

Ele expressa isso no versículo:- “Me salva por favor do meu irmão, de Essav, para que ele não venha e ataque mulheres e crianças”.

Daqui aprendemos algumas coisas:

Aprendemos que quando rezamos espontaneamente devemos explicar e especificar na nossa reza o que queremos de maneira clara e detalhada.

Hashem está em todo lugar e sabe o que queremos mesmo sem pedirmos, mas aprendemos com Yaakov que para recebermos alguma coisa sem pedir, necessitamos de um grande mérito lá em cima que até o próprio Yaakov, o maior dos patriarcas preferiu não usar esses méritos enquanto não fossem extremamente necessários.

E se até Yaakov que tinha de verdade esse mérito preferiu guardá-lo para que possamos usá-lo nos tempos do Mashia’h e por isso rezou detalhadamente para não precisar usar aquele mérito, quem somos nós para esperar que Hashem faça um milagre sem pedirmos.

E mesmo que muitas vezes Hashem nos faz verdadeiros milagres em coisas que nem chegamos a saber, mesmo assim o certo é pedirmos detalhadamente quando sabemos o que precisamos.

E isso por dois motivos:

1- Se não rezarmos talvez o milagre não aconteça.

2- Se acontecer, ele poderá ser descontado dos nossos méritos (que muitas vezes nem temos muito).

Por isso, nos conta o Zohar, Yaakov detalhou a sua reza:– “Me salva por favor! do meu irmão, de Essav, para que ele não venha e ataque mulheres e crianças”.

Daqui aprendemos que quando pedimos para Hashem nos ajudar, temos que pedir da maneira correta informando detalhadamente nosso pedido lá em cima sem ocultar detalhes, como vemos na Tefilá de Yaakov:

“Me salva por favor” (talvez de Lavan?)

“do meu irmão” (parentes eram chamados de irmãos! )

“de Essav” (e o motivo que eu preciso disso?) “para que ele não venha e ataque mulheres e crianças”.

Mesmo que a reza foi curta (três versículos) vemos que ela conteve todos esses detalhes e foi eficiente. Nós próprios somos a prova ”viva” de que a Tefilá dele funcionou.

Se é assim, porque a melhor reza para resolver qualquer problema de saúde, financeiro, de família, social ou de qualquer outro tipo , é ler os Tehilim ? E muitas vezes o mesmo Tehilim que não está especificando nenhum dos seus pedidos serve para tudo?

Como pode ser que você, lendo uma súplica do rei David pedindo para Hashem o salvar de Shaul isso vai ser considerado como se você tivesse pedido detalhadamente e da maneira mais correta possível tudo o que você tinha intenção em pedir?

Sobre isso diz o Zohar:- “Venha e veja, nesses Tehilim que falou David existem segredos e assuntos elevados nos segredos da sabedoria, sendo que todos foram ditos por meio do Rua’h Hakodesh, Revelação Divina que pairava sobre David e então ele os cantava , portanto todos os Tehilim foram ditos por meio de segredos da sabedoria” .

Ou seja, quando você lê os Tehilim em hebraico você está expressando o seu sentimento e o pedido do seu coração da maneira mais profunda possível.

Mesmo assim é bom depois do Tehilim fazer o seu pedido explicito e detalhado como o fez Yaakov.

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Por que nos balançamos quando rezamos?

O Zohar, livro clássico da Kabala de quase dois mil anos atrás pergunta:

Por que todos os povos do mundo não balançam, mas somente nós judeus nos balançamos quando estudamos Torá?

E a resposta que o Zohar dá é:

“As Almas de Israel são partes da “Luz Sagrada de D’us”, se referindo à Revelação Divina que é chamada de Luz Infinita”

Quando um judeu fala uma palavra de Torá, a luz que é sua Alma,  acessa … e ele oscila para lá e para cá como a chama de uma vela.

Rabino Sim’hah de Vitry na França (ano 1105) diz que as crianças são ensinadas a se  balançar quando estudam a Torá, “porque assim encontramos na entrega da Torá ‘E o povo viu e tremeu” (Êxodo 20:15)

Rabi Yehuda Halevi da Espanha (ano 1141) em seu livro “O Kuzari” nos conta sobre um diálogo entre o rei dos kuzaris e o Rabino.

O rei pergunta por que os judeus se movem para frente e para trás quando lêem a Torá e o Rabino responde que eles se movem para frente e para trás para despertar o sentimento e o entusiasmo.

Rabbi Abraham de Lunel que morava em Toledo, (ano 1215) e muitos outros citaram um Midrash desconhecido que diz que devemos nos balançar durante as rezas, como está escrito: “todos os meus ossos devem proclamar: “D’us, quem é como você” (Tehilim 35:10) … E este era o costume dos rabinos da França naquela época

לא תם ולא נשלם

4 Comments

  • Posted maio 7, 2017 10:43 pm
    by
    Equipe ONG TORÁ

    Muiiiito obrigado por ter lido!!

  • Posted maio 20, 2017 9:30 pm
    by
    Néia

    Muito bom !!!!! até compartilhei pois é uma pérola!

  • Posted maio 11, 2022 5:22 am
    by
    Anselmo Lemos

    Muita Gratidão!
    Conteúdo de extrema relevância! *Shalom*

  • Posted setembro 15, 2024 12:17 pm
    by
    Yakov Ben Cohen Vasco Naves

    BZ”H
    SHALOM ALECHEM RABBI GLOIBER!
    Muito obrigado nos ensinar o Zohar através desse encontro de Yaakov com Essaf. Sua explicação de como fazer Tefilot a HaKadosh Baruch Hú é um ensinamento que só nos fará conseguir aumentar a EMUNAT
    B”H ❤️✡️

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