A Guemará nos conta que três participantes são necessários para existirmos:
Nossa mãe, que participa com a parte dela (o óvulo), nosso pai, que participa com a parte dele, e D’us que participa colocando nesse óvulo fecundado uma Alma.
Ou seja, se D’us não coloca nele a Alma, o óvulo não se torna um embrião e é descartado automaticamente.
Em outras palavras, D’us também é o nosso pai biológico e consequentemente responsável por nós como os pais são responsáveis em suprir todas as necessidades dos seus filhos.
E ainda mais, sendo que a participação de D’us é mais importante do que a dos nossos pais, ele é mais responsável por nós do que nossos próprios pais.
E essa responsabilidade não termina quando fazemos dezoito anos e nos casamos, porque para D’us sempre seremos suas amadas crianças pequenas durante todos os nossos 120 anos de vida neste mundo.
Em outras palavras, nós somos essa Alma que D’us colocou, e nosso corpo é a nossa vestimenta, a roupa da nossa Alma.
Por isso, quando alguém perde o pai, ou a mãe, ou a irmã, ou o irmão, ou a filha, ou o filho, ou quando a esposa perde o marido ou o marido perde a esposa, D’us nos livre de tudo isso, nesses sete casos de falecimento, o costume judaico é rasgarmos a roupa.
O motivo oculto para isso é o de demonstrar que a pessoa querida está deixando uma roupa que é o corpo material e daqui a pouco ela vai vestir outra roupa.
Ela vai ganhar um corpo espiritual no mundo superior para poder usufruir daquele mundo por meio daquele corpo espiritual.
O Zoar nos conta que quando a Alma sai do corpo, depois que a pessoa falece, ela vai para a “Mearat a Ma’hpela”, o túmulo dos nossos patriarcas, porque lá é o ponto de acesso ao Paraíso.
Lá ela se encontra com o Adam a Rishon, o primeiro homem, e se encontra também com os patriarcas do nosso povo.
Se ela tem o mérito, eles ficam muito alegres com a chegada dela, abrem o portão que liga o mundo material ao mundo espiritual, e ela tem acesso ao Paraíso.
Chegando ao “Gan Éden”, traduzido como o “jardim dos prazeres”, o Paraíso, ela recebe uma “roupa nova”.
Um corpo espiritual na aparência do corpo material que ela tinha nesse mundo, para poder, por meio dele, usufruir de todos os prazeres daquele mundo espiritual.
Quando falamos sobre a aparência que tínhamos nesse mundo, levamos em conta que nossa aparência muda de um extremo ao outro durante nossos longos anos de vida.
É claro que esse corpo espiritual que vamos receber lá, mesmo tendo a aparência do corpo material que tínhamos aqui nesse mundo, não vai ter a aparência dos sinais de idade ou outros problemas de estética que tivemos durante a nossa longa vida neste mundo material.
A Guemará nos conta que quando D’us criou Adam (Adão) e Havá (Eva) criou eles com vinte anos de idade e exatamente com essa mesma aparência Adam faleceu 930 anos depois.
A velhice só começou com o nosso patriarca Avraham que foi a primeira pessoa a envelhecer fisicamente desde o começo do mundo.
Ou seja, vinte gerações de Adam até Avraham não envelheceram.
Noa’h tinha aparência de vinte anos de idade, sua esposa e seus filhos também.
Assim também será o nosso corpo espiritual no Gan Éden, com aparência de vinte anos independente da idade que a pessoa tinha quando faleceu.
O panorama do Gan Éden a Ta’hton, o Baixo Paraíso, que fica no mundo da Yetzirá, é composto de imagens desse mundo e imagens do mundo de cima, sendo que ele é o intermediário entre o mundo que está acima dele que é o mundo da Briá, e o nosso mundo.
Uma hora no Gan Éden a Tah’ton, no baixo paraíso, equivale a setenta anos dos maiores prazeres aqui nesse mundo.
No meio do Gan Éden a Tah’ton existe uma grande “coluna bordada de todas as cores”, ou seja, sincronizada com todas as sincronizações entre o baixo Paraíso e o Alto Paraíso.
Quando chega o Shabat, e também quando chega o Rosh Hodesh que é o começo do mês judaico, todos sobem por meio dela do Gan Éden a Tah’ton, do baixo Paraíso, para o Gan Éden a Elion, para o Alto Paraíso.
Uma hora no Gan Éden a Elion, no alto Paraíso, equivale a setenta anos dos maiores prazeres do baixo Paraíso.
Mas para subir para o alto Paraíso, a Alma tem que deixar o corpo espiritual que ela recebeu no baixo Paraíso na entrada dessa “coluna”, e lá no Alto Paraíso ela recebe um corpo espiritual compatível àquele nível para poder usufruir dos prazeres do Alto Paraíso.
Depois do Shabat e do Rosh Hodesh, ela deixa o corpo espiritual do Alto Paraíso, desce por essa “coluna” para o baixo Paraíso e se reveste novamente no corpo espiritual dela compatível para o baixo Paraíso.
Rabi Israel Baal Shem Tov, fundador da Hassidut que é a linha do judaísmo feita para tornar o lado oculto da Torá acessível à cada um de nós, escreveu uma carta para o seu cunhado Rabi Avraham Guershon Kitover, contando sobre a sua viagem ao Gan Éden.
Trouxe aqui para vocês uma parte dessa carta:
Escreveu o Baal Shem Tov: Em Rosh Hashaná no ano de 5507 (1746) acessei (somente Alma) aos mundos superiores, e vi lá coisas maravilhosas que nunca havia visto antes.
Eo que eu vi e aprendi lá é impossível de te compartilhar mesmo pessoalmente de tão maravilhoso.
Quando voltei para o Gan Éden a Tah’ton (baixo Paraíso) vi muitas e muitas Almas de pessoas que conhecia, e também de pessoas que não conhecia.
Todos estavam subindo e descendo de mundo para mundo por meio da “coluna” conhecida pelos estudiosos da Torá oculta.
E estavam com tanta alegria, uma alegria tão grande que não conseguiria descrever em palavras, e até se conseguisse você não conseguiria imaginar de tão grande que era.
Etambém encontrei lá pessoas que nesse mundo fizeram muitas coisas erradas, mas no final se arrependeram e foram desculpados, porque aquele momento era um momento muito especial que até eu fiquei muito impressionado.
Porque muitos e muitos foram desculpados e aceitos lá no Paraíso, muitos que você conheceu e nunca imaginaria que eles estariam aqui.
E eles também estavam em uma alegria tão intensa, tão grande, que não conseguiria descrever, e subiam também todas aquelas subidas.
E todos juntos, como se fossem uma só pessoa, me pediram e insistiram muito muito dizendo:- Alto dos altos, maior de todos os eruditos da Torá, D’us te abençoou com um entendimento profundo para compreender todos esses assuntos.
Suba com a gente para ser a nossa ajuda e o nosso apoio (sendo que existem inúmeros níveis de inúmeros aspectos nessas subidas).
E por causa da alegria tão grande que vi entre eles decidi subir junto com eles.
Lá eu descobri por meio de uma visão, que o anjo da morte estava atuando no tribunal Divino por meio de delações para conseguir trazer ao mundo decretos contra as comunidades judaicas, e muitas pessoas morreriam de formas trágicas.
Fiquei muito espantado e arrisquei a vida de verdade para impedir com que isso acontecesse.
Pedi ao meu Rebe e mestre, o profeta Ahiya a Shiloni, ir comigo. Porque é um grande perigo para uma pessoa viva subir mais e mais nos mundos superiores.
Porque desde que cheguei ao nível de conseguir subir aos mundos espirituais nunca subi à alturas tão grandes como essas.
E subi de nível em nível, até chegar ao salão do Mashia’h, onde ele estuda Torá com todos os Tanaim que são os Sábios da Mishná, e com todos os Tzadikim que são as pessoas altamente elevadas.
Lá eu vi uma alegria extremamente grande, e não sabia qual era o motivo de toda essa alegria.
Achei que eles estavam tão alegres porque provavelmente eu iria deixar o mundo físico e me unir a eles.
Mas me avisaram depois que eu ainda não iria falecer porque eles tem um grande prazer lá em cima dos Y’hudim que eu faço lá embaixo no mundo material com a Torá que eles nos ensinaram.
Mas a essência daquela grande alegria eu não sei até hoje.
E perguntei para o Mashia’h :- Quando o Sr. vem para o mundo? E ele me respondeu :-Vou te dar um sinal: Quando o seu estudo (a Hassidut) for publicado e revelado pelo mundo, e se espalharem suas fontes para fora.🌻
Daqui vemos a importância de estudar a Hassidut que começou a ser revelada pelo Baal Shem Tov e continuou a ser revelada de geração em geração pelos seus sucessores, o Maguid de Mezritch, o Baal a Tanya, e todos os Rebes de Lubavitch que vieram após eles.
Rabino Gloiber
Sempre correndo mas sempre rezando por você
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