Será que a nossa Alma está no sangue?
Nossa Parashá nos conta que o sangue é a alma.
No princípio, quando Hashem (D’us) criou o homem, está escrito que Hashem (D’us) “soprou” nele uma Alma, e não que o sangue é a alma.
Então, que alma é essa que está no sangue que não é a Alma que “D’us soprou”?
Daqui vemos claramente que essas duas linguagens se referem à duas almas diferentes.
Duas categorias de Alma:
1- A alma animal
Diz o Zohar, clássico da Kabala de quase 2000 anos atrás, que primeira alma a entrar no corpo é chamada de alma animal e está vinculada ao sangue, e por isso está escrito que o sangue é a alma e sobre ela a nossa Parashá está falando.
Mesmo essa alma animal estando revestida no corpo inteiro, a principal revelação dela é no lado esquerdo do coração que bomba o sangue oxigenado para todo o corpo e por isso a Parashá usa essa expressão de que o sangue é a alma.
Sendo que ela é uma alma espiritual, podemos fazer transfusões de sangue e transplante de coração e ela continua no nosso corpo.
A Guemará nos conta que no momento em que uma mãe engravida, é colocada nessa gravidez uma alma.
Esse óvulo que vai se desenvolver recebe uma alma animal do nível deste mundo onde o bem e o mal estão misturados, o que o Zohar chama de “Klipat noga”.
Ou até uma alma de um nível mais baixo que o Zohar chama de “três klipot tmeot”.
Sem ela nosso corpo não teria como crescer e se desenvolver.
2- A Alma Divina
Um dos princípios da fé judaica é que Hashem (D’us) não se compara à matéria.
O Zohar explica que quando Hashem (D’us) criou o homem à sua imagem e semelhança, a intenção é sobre a revelação Divina como ela acontece nas dez sefirot e não imagem e semelhança material.
Toda linguagem na Torá indica um assunto espiritual . Quando Hashem (D’us) colocou essa alma no primeiro homem é usada a linguagem “soprou”.
Diz o Zohar que essa linguagem é representativa, quem sopra, sopra o que tem dentro de si.
Por isso não está escrito que Hashem (D’us) colocou no homem a Alma mas que Hashem (D’us) soprou nele a Alma.
A linguagem “soprou” é usada pela Torá para nos indicar o nível daquela Alma, querendo dizer que como o sopro é algo que sai de dentro da pessoa, assim também aquela Alma saiu de dentro da essência Divina e é chamada de “uma parte de D’us”.
Ela está vinculada à nós de forma envolvente desde que somos gerados, mas só assume nosso corpo quando fazemos treze anos, ou no caso das meninas doze anos.
Essa Alma também é dada à quem faz uma conversão ao judaísmo.
Ou seja, ela já estava vinculada à essa pessoa desde que foi gerado e isso foi o que causou para aquela pessoa querer se converter, por isso está escrito “guer shemitgaier”.
Ou seja, convertido que se converte e não “goi shemitgaier”.
Essa segunda Ama se chama Neshamá. Ela se reveste na alma animal para poder interagir com o corpo sendo que ela é de uma fonte tão elevada que não tem como se revestir diretamente no corpo como a alma animal.
A principal revelação dela no nosso corpo é no nosso cérebro, e sendo que por natureza a razão domina o sentimento, o cérebro domina o coração.
O objetivo dela nesse mundo é dominar a alma animal que se revela no coração e fazer dela uma plataforma para o trabalho Divino.
Essa Alma Divina é você!
Você que desceu do céu para vencer uma corrida de obstáculos à qual chamamos de vida, e vai ganhar por próprio mérito um “baixo paraíso” no qual uma hora eqüivale a setenta anos dos maiores prazeres nesse mundo, ou um alto paraíso onde uma hora eqüivale a setenta anos no baixo paraíso, como prêmio por ter feito o trabalho Divino, meta dessa “corrida de obstáculos”.
A Neshamá é pura e linda, cada ano que passa ela fica mais refinada e reluzente por meio do cumprimento dos 613 mandamentos Divinos.
Poderíamos dizer como por exemplo que cada ano que passa, enquanto o corpo que é a roupa da nossa Alma fica mais cada vez mais velho, a Neshamá, nossa Alma Divina, fica cada vez “mais jovem”.
Ficamos cada vez mais jovens e com uma roupa, ou seja, nosso corpo, cada vez mais cada vez mais velha.
Chega uma hora que somos obrigados a trocar de roupa para poder continuar o nosso trabalho Divino.
Transmigrações da Alma
Nossa Neshamá se reencarna quantas vezes for necessário até cumprir todos os 613 mandamentos Divinos.
Povo escolhido
O povo de Israel é chamado de “O povo escolhido”.
Quem participou desse concurso Divino para ser escolhido?
Nossa Neshamá não poderia ter participado sendo que ela é diferente das almas dos povos do mundo.
Quem se parece com os povos do mundo?
Nosso corpo!
Ele foi escolhido !
O que ele ganhou com essa escolha? Ele ganhou santidade!
Quando cumprimos um Mandamento Divino ele recebe santidade! Nosso corpo se torna mais sagrado e refinado.
No futuro, quando ressuscitarmos, ele vai reluzir mais do que a Neshamá.
Essa Kedushá é a diferença causada por termos sido escolhidos.
Conclusão:
Agora nossa Neshamá faz nossa alma animal e nosso corpo cumprirem os mandamentos Divinos trazendo para eles Kedushá.
Na ressurreição essa kedushá se revela, nosso corpo ressuscita jovem, lindo e reluzente, e nosso mundo material se tornará um paraíso muito maior do que o alto paraíso.
Tudo isso no mérito da Torá e das Mitzvót que estamos cumprindo agora!
Então, vamos aproveitar essa oportunidade, estudar mais Torá e fazer mais Mitzvot!
Vamos pedir para Hashem mandar rápido o Mashia’h para cumprirmos todas as Mitzvót que ainda precisamos cumprir e podermos terminar todo esse nosso trabalho Divino com muita alegria!
Rabino Gloiber
Sempre correndo
Mas sempre rezando por você
www.RabinoGloiber.com